Acusado de matar 3 servidores da Unifap é inocentado

Bruno Mateus Melo da Costa cumprimenta advogados após o julgamento. Ele ficou 10 meses preso durante o processo que apurou o crime ocorrido em 2023
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Por SELES NAFES

O acusado de participar do triplo homicídio de servidores da Universidade Federal do Amapá (Unifap), numa festa em 2023, foi absolvido por unanimidade ontem (27), no Tribunal do Júri de Macapá, por falta de provas. Bruno Mateus Melo da Costa, de 24 anos, chegou a ficar preso durante 10 meses no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).

O crime ocorreu na noite de 17 de fevereiro do ano passado na Avenida Reinaldo Damasceno, no bairro Novo Buritizal, zona sul de Macapá.

Mário Barriga, Joaquim dos Santos Filho e Elfredo Carvalho Barbosa foram mortos a tiros por três homens que estavam em um Renault Kwid dirigido por um motorista de aplicativo, que depois foi incluído como testemunha no processo.

O motorista chegou a ser preso em flagrante, mas alegou que foi coagido pelos criminosos a levá-lo até o local onde ocorria a festa. As vítimas estavam na confraternização e teriam sido mortas por engano.

Kwid transportou os atiradores até a festa, onde o alvo era um integrante de facção. Fotos: Olho de Boto/SN

Joaquim, uma das vítimas: morto por engano

Na noite do crime, já preso, o motorista de aplicativo levou policiais militares até uma lavagem na Rua Hamilton Silva, no bairro do Trem, onde ele identificou um Toyota Corolla que estava estacionado no local. O veículo, comentou com os policiais, era de uma pessoa que os atiradores teriam falado a respeito como integrante do grupo.

Na lavagem, estava Bruno Mateus, que se identificou como o dono do Corolla. No interior do veículo, a equipe da PM encontrou uma bolsa com drogas e um revólver com numeração raspada. Bruno foi preso em flagrante e teve a prisão mantida pela justiça por quase um ano.

Carro de Bruno estava na lavagem para onde o motorista de aplicativo levou os policiais

Drogas e arma achados dentro do Corolla seriam de um lavador

Durante as investigações, ele negou participação no crime e afirmou que não conhecia nenhum dos atiradores e nem o motorista de aplicativo. Ele também negou que fosse dele a mochila com drogas e a arma.

“Ele estava no local e na hora errada”, afirma a advogada Gleicy Oliveira, que atuou no júri numa parceria entre os escritórios BVM e Oliveira Advogados.

Na versão da defesa, Bruno chegou para pegar o carro que ele tinha deixado para lavar e encontrou o veículo com o pneu furado. Ele teria exigido que o pneu fosse consertado, por isso estava no local.

Bruno entre os advogados de defesa

Gleicy Oliveira: a polícia não fez seu trabalho

“O lavador disse que ia deixar a mochila dele dentro do carro e ia levar o pneu para consertar. A mochila, com droga e a arma sem munição, era do lavador. A polícia não fez o seu trabalho e o lavador nunca foi identificado. Não foram buscar os atiradores, não intimaram o dono da lavagem, os lavadores, não buscaram câmeras. Eles (a polícia) já tinha o bode expiatório, que era o Bruno”, criticou a advogada.

A perícia constatou que o revólver calibre 38 que estava na bolsa não foi uma das armas usadas no triplo homicídio, que ocorreu na mesma noite em que cinco ataques de facções foram registrados na capital com várias mortes.

Além das mortes, os jurados inocentaram Bruno dos crimes de organização criminosa e tráfico de drogas.

Seles Nafes
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