Por RODRIGO DIAS
Foi ainda na adolescência que Eriveltom José Ramos, conhecido como Bob Sappo, se interessou pelos combates esportivos. Logo, destacou-se e passou a fazer parte de um seleto grupo de lutadores de Artes Marciais Mistas (MMA) que fizeram história no Amapá, pelas vitórias e, também, pelas derrotas.
Filho de um motorista e de uma professora aposentada, Bob Sappo vem de uma família de quatro homens e uma mulher. Ele traz consigo a resistência e ancestralidade do quilombo do Curiaú e do Bairro do Laguinho.
Seu grande porte físico sempre chamou atenção, o que o levou a ingressar no judô da academia do lendário ‘Mestre André’. Depois, passou a treinar na academia do popular Chico Bala para ganhar força durante as competições. Lá, foi incentivado a entrar no mundo do MMA.
Seus momentos icônicos e polêmicos nesse segmento começaram logo na primeira luta. Usando das peripécias da adolescência, entrou no octógono burlando o registro de nascimento, afirmando ser maior de idade quando ainda era adolescente. Por sorte e talento, Bob venceu a luta contra o oponente mais velho, mas hoje não recomenda ninguém a seguir este exemplo.
Segundo ele, o apelido Bob Sappo foi inspirado em Robert Malcolm Sapp, conhecido como Bob Sapp, um famoso kickboxer da época, além de ator e jogador de futebol americano. Durante uma viagem para uma luta, Bob Sappo teve a cabeça raspada no navio Comandante Solon durante uma brincadeira, ficando ainda mais parecido com o jogador. Daí surgiu o apelido.
“Fiz 70 lutas de MMA, dessas eu perdi três. Perdi uma para o Molico, caí nocauteado; a segunda para o Bira Buldogue; e a terceira para o Mondragon por pontos. De boxe, jiu-jitsu, judô eu não tenho noção de quantas foram que eu lutei tanto”, relata.
Com seu talento, Sappo ganhou várias bolsas de estudo. Entre os momentos mais marcantes da carreira, lembra que foi campeão universitário, do campeonato amapaense de judô, 3° lugar no campeonato de boxe amador brasileiro em Taguatinga, entre outros títulos.
Hoje, Bob Sappo é pai. Formou-se em sistema de informação e prestação de dados, educação física, e passou no concurso público da Prefeitura de Macapá, onde trabalha até hoje.
Sua última luta foi cinco meses antes da pandemia de covid-19, no Rio Grande do Norte. Com outros ex-lutadores, decidiu tocar projetos sociais para incentivar o surgimento de novos atletas.
“A gente se divide entre os locais onde o poder público não entra, dando aula para as crianças, tentando fazer algo por elas, tirando-as da rua, pois essas facções com as drogas estão acabando com as crianças e destruindo vidas e famílias”.
Bob Sappo também trabalha com segurança em eventos e quer continuar levando ensinamentos através do esporte para crianças e adolescentes dentro das comunidades. Para ele, um dos segredos de ter se destacado e ainda ter uma vida saudável é não ter tido vícios.
“Eu nunca bebi e nunca fumei na vida. Enquanto os caras fechavam o bar depois das lutas, eu ia embora para casa. Então isso que quero ensinar e ser exemplo. Perder faz parte da vida, mas não devemos nos entregar jamais”, orgulha-se.