Por SELES NAFES
O geofísico e youtuber Sérgio Sacani (canal Space Today), disse numa entrevista ao canal Irmãos Dias que o Brasil se arrisca a ter um ‘buraco de produção’ se não começar logo a explorar petróleo no Amapá.
De acordo com ele, isso vai ocorrer quando a extração do pré-sal começar a entrar em declínio, a partir de 2027, o que obrigaria o Brasil a importar metade do petróleo que precisa, criando um efeito especulativo que fará disparar os preços.
Enquanto isso, há evidências de que o petróleo na costa do Amapá é de boa qualidade, e não requer altos investimentos para refinar.
“O melhor petróleo do Brasil fica na Amazônia, e é ‘amarelo’”, disse ele, numa comparação bem-humorada com gasolina que não é batizada.
“As pessoas brincam que pode tirar (na Amazônia) e colocar no carro, sem precisar refinar”, acrescentou.
Na entrevista, Sacani explica que o petróleo, dependendo da região onde é extraído, possui diferentes teores de qualidade que influenciam nos custos com o refinamento.
Na Bacia de Campos, que compreende os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, “ele é muito ruim, é um asfalto. Tem que refinar muito. O Brasil não tem refinaria capaz de refinar esse petróleo da Bacia de Campos. Para refinar óleo pesado o Brasil não tem, por isso a Dilma (ex-presidente) comprou a de Pasadina (EUA). Construir uma refinaria (para óleo pesado) é muito caro”, explicou ele.
Sacani lembrou que o Brasil “tem uma grande descoberta de petróleo chamada Margem Equatorial”, se referindo à faixa que fica entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, mas que também abrange a Guiana Francesa, Guiana e Venezuela, grandes produtores de petróleo.
A Petrobrás continua aguardando resposta do Ibama para o segundo pedido de licenciamento ambiental. O primeiro foi recusado no ano passado.
“Se a gente não começar a produzir vamos ter um buraco de produção, aí a situação vai ficar feia e os preços vão disparar. Mas nós temos a Margem Equatorial. O PIB da Guiana Francesa aumentou 62% no último ano. O PIB do Suriname mais de 40%. Na frente do estado do Amapá onde está esse grande corpo de petróleo”.
“A maior briga que a gente tem no Brasil é entre Ibama e Petrobrás. (A costa do Amapá) é uma região complicada e as correntes marítimas também. Há o risco de acidentes, mas isso não quer dizer que vão acontecer acidentes. O impasse é grande e pode prejudicar muito o Brasil”, alertou.
Quando começar a exploração e o pagamento de royalties, “o Amapá se torna o estado mais rico do Brasil, é isso que vai acontecer”. Assista a entrevista acima.