Boêmios do Laguinho afirma ter sofrido racismo durante apresentação no Macapá Verão

Segundo a escola do Bairro Laguinho, uma diretora da Piratas da Batucada teria feito comentários racistas contra crianças.
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Atualizada às 18h25

Por IAGO FONSECA

Crianças do projeto “Universidade do Amanhã”, da Escola de Samba Boêmios do Laguinho, teriam sido vítimas de racismo por parte da Escola Piratas da Batucada, conhecida como Piratão, segundo a diretoria da Boêmios do Laguinho. O incidente teria ocorrido na noite de sexta-feira (5), durante a apresentação do grupo no evento “Samba no Mercado Central”, parte da programação do Macapá Verão.

A Boêmios do Laguinho afirmou, em nota, que as crianças foram chamadas de “macacos fedorentos” pela diretora da Piratas da Batucada, que também teria feito ofensas aos moradores do Bairro do Laguinho e aos membros sambistas. As oito escolas de samba da capital se apresentaram no Mercado Central.

“A mesma também ofendeu os nossos ritmistas do começo ao fim de nossa apresentação. Não compactuamos com qualquer forma de racismo e deixamos aqui nossa indignação com tal ato. Nossa Universidade foi fundada por 13 pessoas negras, somos uma escola negra, somos uma nação negra”, destacou a diretoria da Boêmios do Laguinho na nota, divulgada nas redes sociais.

O Portal SelesNafes.Com procurou as diretorias das duas escolas para esclarecer o ocorrido. A diretoria da Boêmios do Laguinho afirmou que irá esclarecer os fatos, mas até a publicação da reportagem não deu retorno. Já a diretoria da Piratas da Batucada não se manifestou oficialmente sobre o ocorrido.

Boêmios é uma das mais tradicionais do carnaval amapaense

Segundo uma fonte do Portal SN, apenas a presidência do Piratão pode oficialmente falar pela escola, mas adiantou que a diretora envolvida não representa todo o coletivo e que o ato, se comprovado, deve ser resolvido judicialmente entre as pessoas envolvidas. O presidente da Piratas da Batucada, Alex Pereira, divulgou uma nota de esclarecimento.

Leia as notas da Boêmios do Laguinho e da Piratas da Batucada na íntegra:

“A Universidade de Samba Boêmios do Laguinho repudia toda e qualquer forma de RACISMO. Na noite de hoje, 5 de julho, enquanto a nossa Escola se apresentava no evento Macapá Verão, as crianças de nosso Projeto Universidade do Amanhã sofreram um ato de racismo da diretora da Escola de Samba Piratas da Batucada. A mesma chamou nossas crianças de macacos fedorentos, disse que no bairro do Laguinho só tem preto, além de xingar nossa Escola de “escrota, fuleira, etc”. A mesma também ofendeu os nossos ritmistas do começo ao fim de nossa apresentação. Não compactuamos com QUALQUER forma de RACISMO e deixamos aqui nossa indignação com tal ato. Nossa Universidade foi fundada por 13 pessoas NEGRAS, somos uma escola NEGRA, somos uma nação NEGRA. Nossa Escola é composta por uma Presidente Negra, um Vice-Presidente NEGRO, bateria NEGRA, Casais de Mestre-Sala e Porta Bandeira NEGROS, Rainha de Bateria NEGRA”.

Presidente: Daiana Roniele

Vice-Presidente: Marcos Robson.

“A Escola de Samba Piratas da Batucada vem a público reafirmar, como sempre fez, seu posicionamento contra todas as formas de racismo, intolerância, homofobia, transfobia e qualquer tipo de ódio! Somos samba, festa, amor e paixão! A história do samba é PRETA e é nessa história que se forjou o Piratão! Nestes 51 anos de existência, cantamos repetidamente a resistência do povo negro, ribeirinho e indígena, exaltando figuras como Humberto Moreira, Patrícia Bastos, Biroba, as religiões de matriz africana, os povos originários e nosso “Rei Negro” Sacaca. O Piratas da Batucada exige que todas as providências cabíveis sejam tomadas, que todas as provas sejam reunidas e que a investigação seja conduzida com o máximo rigor possível! À comunidade que constrói Boêmios do Laguinho e em nome da presidenta Daiana Santos, expressamos todo nosso respeito e fraternidade. A luta contra o racismo é de todos nós, todos os dias!”

Alex Pereira, Presidente

 

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