Por SELES NAFES
O ex-vigário geral de Macapá, o padre Francivaldo Lima da Silva, de 52 anos, foi encontrado morto, na noite desta sexta-feira (7), no apartamento onde morava. Ainda há poucos detalhes sobre a morte, mas não há indícios de que tenha ocorrido um homicídio, de acordo com fontes da investigação e da Diocese.
Padre Francivaldo estava afastado das funções desde junho pela Diocese de Macapá. Ele era alvo de um inquérito da Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Criança e ao Adolescente (Dercca), acusado de assédio sexual a jovens da igreja. A polícia chegou a pedir a prisão preventiva dela, mas a justiça ainda não havia se pronunciado.
A investigação foi revelada com exclusividade pelo Portal SN no dia 23 de agosto. A reportagem revelou que o padre era muito ligado à juventude da igreja, e que utilizava um terreno particular no Ariri, zona rural de Macapá, para promover acampamentos com os jovens.
No entanto, ex-coroinhas, ex-seminaristas e familiares das vítimas procuraram a delegacia para reportar casos de assédio ao longo de vários anos. O padre fazia propostas sexuais, enviava nudes e chegou a emprestar dinheiro para que o pagamento fosse feito com sexo.
Nos depoimentos, os jovens disseram que a aproximação começava com elogios, favores, e evoluíam para abraços por trás e toques íntimos sem permissão, até nudes pelo WhatsApp.
Como a maioria das mensagens era temporária de 24h, muito conteúdo foi perdido, mas o que sobrou permitiu à polícia materializar o comportamento do sacerdote.
Num dos casos, um ex-coroinha de 17 anos chegou a planejar um suicídio, e agora passa por tratamento psicológico. Um jovem contou que abandonou o seminário após as investidas de Francivaldo.
Ao todo, a reportagem contou detalhes da investigação envolvendo seis vítimas, que relataram ter ouvido outros relatos de assédio do padre no seminário, igreja e em diversas oportunidades.
O padre chegou a ser ouvido pela reportagem, afirmando que “estava quase morto com essa notícia”, e pediu: “não me matem!”. O Portal SN também procurou ouvir a defesa dele.
O advogado Eduardo Segato, designado pela Diocese para acompanhar o padre, informou que se pronunciaria sobre as acusações quando tivesse acesso ao inquérito. Neste sábado (7), o advogado não retornou as ligações e nem as mensagens.
Fontes da Diocese de Macapá confirmaram a morte, mas informaram que a igreja ficou de divulgar uma nota de esclarecimento ainda hoje.