Da REDAÇÃO
A Polícia Civil do Amapá desvendou um esquema de fraudes eletrônicas que era comandado de dentro do sistema penitenciário, mas com o apoio de fora da muralha também. Por isso, na manhã de hoje (14), a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão em celas do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá e em endereços residenciais de Macapá.
A investigação, liderada pelo delegado Nícolas Bastos, revelou uma organização criminosa bem estruturada, que usava páginas falsas de lojas para aplicar golpes e movimentava dinheiro através de contas bancárias cedidas por “laranjas”. As homes (1ª página do site) se encarregavam de atrair visualmente as vítimas, mas a partir do primeiro clique é o ambiente do golpe começava.
Durante o inquérito, o delegado solicitou a prisão dos envolvidos, mas o pedido foi negado pela Justiça sob a justificativa de que o crime havia ocorrido há cerca de dez meses, o que inviabilizaria a detenção preventiva.
Para Bastos, o caso trouxe à tona uma tendência preocupante de mudança no perfil dos crimes praticados por facções, que vêm migrando de atividades como roubos e tráfico de drogas para fraudes virtuais. A estrutura do esquema contava com a participação ativa de detentos e pessoas fora do sistema prisional.
“A esposa de um dos presos comprava chips e os registrava para que os detentos tivessem acesso a contas de WhatsApp e, assim, operassem livremente. Um dos internos era responsável por criar páginas falsas de lojas de materiais de construção, atraindo vítimas com vendas fictícias”, descreveu o delegado.
A investigação conseguiu identificar a voz do detento em mensagens de áudio trocadas com as vítimas pelo aplicativo.
Outro preso recrutava membros da facção para disponibilizarem suas contas bancárias como “laranjas”, possibilitando que os valores obtidos com os golpes fossem desviados sem chamar a atenção.
Entre os envolvidos, também estava o ex-presidente de uma associação, que ofereceu sua conta bancária em troca de uma comissão sobre o dinheiro das fraudes.
“A Polícia Civil do Amapá conduziu uma investigação detalhada, rastreando transferências bancárias e dispositivos eletrônicos usados pelos criminosos. Além disso, aplicou técnicas avançadas de análise digital e cruzamento de dados, o que permitiu a produção de provas contundentes”, destacou Bastos.
As autoridades não divulgaram os nomes de nenhum dos envolvidos. As investigações ainda não encerraram.