Por RODRIGO DIAS
O corpo do missionário e universitário Márcio Sousa Silva, de 49 anos, morto a tiros em via pública, será sepultado às 16h desta quarta-feira (23), no Cemitério São Francisco de Assis, na zona norte de Macapá. Desde ontem (22), amigos, professores e familiares prestam as mais variadas homenagens ao missionário.
No velório, realizado em uma igreja evangélica no bairro Muca, a reportagem pôde conhecer mais sobre a trajetória de Márcio. Entre os presentes, estavam vários professores do Instituto Federal do Amapá (Ifap), Campus Macapá, onde ele estudava.
Márcio estava a caminho de uma parada de ônibus quando foi baleado. Ele frequentava o curso de Licenciatura em Matemática no turno da tarde e, à noite, fazia o Curso Técnico em Segurança do Trabalho.
A professora de Língua Portuguesa, Ângela Miranda, que dava aulas para Márcio no Proeja, contou sobre um trabalho recente que ele fez. No último dia 9, ela pediu que os alunos escrevessem sobre suas trajetórias no Ifap, o curso e suas expectativas para o futuro. A carta de Márcio foi lida no velório.
“Na ocasião, o Márcio fez um lindo relato, falando das suas perspectivas, desafios e dificuldades, mas disse que vislumbrava um futuro promissor. Ele dizia que seria professor de matemática, que já havia sido cabeleireiro, mas agora queria mudar de vida e ser professor. Ele me dizia: ‘Eu vou ser professor, ainda vou ser sua colega de profissão, e vou mudar a vida da minha família'”, lembrou Ângela emocionada.
Além do impacto na sala de aula, Márcio era uma liderança no Ifap. Ele cursava o quinto semestre de Segurança do Trabalho e o quarto semestre de Matemática, e atuava como representante nacional da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Apresentou projetos educacionais representando o Amapá em eventos no Rio de Janeiro, Belém e Brasília. Em novembro, estava programado para defender os direitos do EJA no Rio Grande do Norte.
Recentemente, Márcio também se destacou como o designer da camiseta da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Ifap.
Vida Missionária
O pastor Diego Senado destacou o papel ativo de Márcio na igreja.
“Ele era o principal ornamentador da igreja, cuidava da decoração e também era o regente geral nos eventos. Atuava em diversas áreas, desde o círculo de oração até as missões de evangelismo externo”, explicou.
Márcio também integrava o grupo de missões externas, ajudando na distribuição de sopas e participando ativamente de várias atividades da igreja.
“Devido aos estudos, ele precisou diminuir um pouco a participação em algumas missões, mas, mesmo assim, estava presente aos sábados e domingos. É uma perda irreparável”, lamentou o pastor.
As lembranças de Márcio, tanto no ambiente acadêmico quanto na igreja, refletem a dedicação e o compromisso que ele tinha com suas causas. Uma vida interrompida de forma trágica, mas que deixa um legado de fé, serviço e determinação.