Todas as terças e quintas-feiras, a Feira do Produtor do Bairro do Pacoval fica cheia de agricultores e consumidores atrás de alimentos frescos trazidos das colônias. No entanto, também é possível encontrar outros produtos nada legalizados, como carne de caça e drogas. A falta de policiamento é tamanha que o lugar passou a gerar assaltos e furtos nas redondezas, em ocorrências que geralmente envolvem menores viciados.
A situação vem tirando o sossego o sono dos comerciantes e moradores do entorno da feira. “Nos dias de feira é mais difícil perceber, mas basta dar 21 horas que os vendedores começam a recolher o material para que o movimento de viciados, prostitutas e assaltantes no local se intensifique”, contou um comerciante que não quis se identificar.
Todos os comerciantes do local contam mais de dois assaltos nos últimos meses. Os crimes geralmente são cometidos por dependentes químicos que usam o local aproveitando a falta de iluminação. “De noite a movimentação fica intensa. Tem dias que contamos mais de 50 pessoas consumindo drogas, isso tá virando uma verdadeira ‘cracolândia’”, disse o comerciante.
Os abusos são maiores. Os viciados estão sempre pedindo comida aos agricultores e comerciantes. “No fim do ano passado uma moça de aproximadamente 30 anos se aproximou da panificadora e começou a pedir um pedaço de pão com suco, e como eu não dei, se irritou, segurou minha mão e mordeu. Tive que ir à Delegacia de Crimes Contra Mulher fazer um boletim de ocorrência, mas nada aconteceu e vez por outra ainda a vejo rodando a feira” lembrou dona da panificadora, que já funciona a 16 anos ao redor da feira, e também por motivos óbvios não quer aparecer.
A mesma comerciante fez outro boletim de ocorrência na semana passada, após um grupo de jovens entrar na panificadora, pedir o lanche, consumir o produto, e sair sem pagar. “Eu pensei que eles tinham parado, mas estava enganada. Ontem mesmo, dois retornaram e fizeram a mesma coisa. O pior é que conhecemos os pais desses jovens, que na maioria dos casos cresceram aqui na feira. E quando reclamamos com os pais deles, ainda acham ruim e voltam para nos intimidar”, acrescentou.
Os viciados e assaltantes também arrombam residências. “Aqui no meu mini-box você pode perceber uma telha se destoa das demais. Isso é resultado do último roubo. Eles quebraram a telha e conseguiram entrar pelo forro. Levaram uma quantia baixa em dinheiro e alimentos que podem ser usados como tira gosto, principalmente salgadinhos de milho”, revelou outro comerciante.
Emboscadas
Além dos roubos e consumo de drogas, outra prática dos viciados que “moram” na feira são as emboscadas. O golpe é bem simples. Há mulheres que servem de iscas, chamam senhores que passam pelo local, e quando são atendidas, prometem serviços sexuais em troca de dinheiro. Mas quando as vitimas entram na feira são cercados por um grupo bem maior que leva tudo que a vítima possui. “Isso aconteceu na última segunda-feira, véspera de feriado (3). Um senhor de aproximadamente 73 anos caiu no golpe, e quando percebeu já era tarde, os assaltantes levaram todos os pertences dele, inclusive as roupas. Ele ficou tão envergonhado que não quis fazer o boletim”, lembrou um vendedor de caldo de cana.
Ele também já foi vitima dos roubos noturnos. Em dezembro um grupo de sete pessoas conseguiu quebrar o cadeado da porta de sua pequena lanchonete e retirar um freezer do local. Um vizinho viu a ação e chamou a policia. “Quando a viatura chegou os ladrões se assustaram e começaram a correr. Cinco foram presos e dois fugiram. Só que dois deles já estão livres novamente, inclusive já voltaram a frequentar a feira”, denunciou.
Outro na feira é a presença de crianças fazem o trabalho de flanelinhas. Elas tem contato direto com os viciados depois também acabam virando usuárias, uma ciranda que parece não ter fim.
Nesta quinta-feira, a reportagem de SelesNafes.Com esteve na feira e viu menores consumindo drogas, bebidas e cola de sapateiro sem nenhum tipo de preocupação com a polícia. A Feira do Produtor do Pacoval é terra sem lei.