Da REDAÇÃO
O Brasil comemorou, no Dia Mundial de Combate à Poliomielite, os 35 anos sem registro de casos da doença e três décadas livres de poliomielite em toda a América. O evento, promovido pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, destacou a importância de manter as altas taxas de vacinação para preservar essa conquista histórica e evitar novos surtos.
Na cerimônia, o deputado federal pelo Amapá, Dorinaldo Malafaia, presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Vacinas, alertou sobre a situação crítica na fronteira do estado, especialmente no município de Oiapoque, onde a cobertura vacinal contra a pólio está em preocupantes 35%, muito abaixo da meta de 95% recomendada.
A baixa adesão à vacinação coloca a área em alto risco, principalmente pela proximidade com a Guiana Francesa, onde a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) identificou a presença do vírus da pólio em esgotos locais.
“A situação em Oiapoque preocupa, e precisamos intensificar esforços para proteger nossa população, especialmente nas regiões fronteiriças”, afirmou Malafaia, defendendo que o Congresso também assuma um papel ativo na promoção das vacinas.
Ele enfatizou a necessidade de campanhas de conscientização que alcancem a população de forma mais eficaz.
A baixa cobertura vacinal não é um problema isolado do Amapá. Desde 2016, o Brasil está abaixo da meta de imunização recomendada pela OPAS, atualmente com uma média nacional de cobertura vacinal em torno de 69,20%, segundo dados do Ministério da Saúde. Esta situação, segundo especialistas, deixa o país em situação de vulnerabilidade, pois a poliomielite, apesar de erradicada nas Américas em 1994, ainda não foi extinta globalmente.
Socorro Gross, representante da OPAS no Brasil, reforçou durante o evento que a vacinação coletiva é essencial para eliminar doenças e afirmou que o país avançou nos últimos anos, conseguindo sair da lista dos 20 países com menor cobertura vacinal infantil. Gross frisou que a união entre ciência e sociedade brasileira foi fundamental para erradicar a pólio em 1989, e alertou para o papel crucial da vacinação em massa: “É nossa responsabilidade coletiva manter o Brasil e as Américas livres da poliomielite”, concluiu.
A “vacina da gotinha”, que se tornou símbolo do combate à pólio no país, é lembrada como uma das principais armas contra a doença. No passado, a poliomielite causou paralisia e afetou a vida de milhares de crianças em todo o mundo, sendo uma das doenças mais temidas do século XX.