Adolescente que entregou arma para matar missionário é encontrado

Perigoso jovem será encaminhado ao Centro de Internação Provisória do Amapá.
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Por RODRIGO DIAS

Após dias de buscas intensas, a Polícia Civil do Amapá apreendeu, nesta sexta-feira (1), o adolescente de 17 anos suspeito de envolvimento no assassinato do missionário Márcio Sousa da Silva, de 49 anos, ocorrido no último 22 de outubro, no bairro do Muca, zona norte da capital amapaense.

Segundo informações da Delegacia Especializada de Investigações de Atos Infracionais (DEIAI), o jovem teria fugido para o município de Breves, no Pará, logo após o crime. Entretanto, ele retornou recentemente a Macapá.

A delegada Daniella Graça, responsável pelo caso, detalhou que o adolescente atuou como cúmplice, entregando a arma do crime ao executor, Clebson Silva Rodrigues, de 22 anos, atendendo às ordens de uma facção criminosa.

Adolescente foi apreendido pela equipe da DEIAI. Fotos: Rodrigo Dias

Márcio Sousa era missionário de uma igreja evangélica em Macapá e cursava graduação em Matemática no Instituto Federal do Amapá (Ifap). Diariamente, atravessava áreas de ponte na periferia da cidade para alcançar o ponto de ônibus que o levaria ao campus do Ifap, na zona norte de Macapá.

Durante essas passagens frequentes pelas passarelas, ele aconselhava jovens locais, muitos dos quais envolvidos com drogas, a abandonarem o tráfico e o uso de entorpecentes. A delegada explicou que o missionário se aproximava desses jovens com a intenção de ajudar, incentivando-os a procurar um caminho diferente, o que acabou atraindo a ira da facção criminosa que controla o tráfico nas pontes que ele atravessava para ir estudar.

Clebson Silva Rodrigues, o autor dos tiros

A motivação do crime, segundo a investigação, está relacionada às abordagens de Márcio na comunidade. Seu trabalho missionário e suas tentativas de aconselhar jovens para deixarem o tráfico e as drogas foram interpretados pela facção como uma ameaça, por isso, durante uma dessas abordagens, ele foi repreendido por criminosos responsáveis por bocas de fumo.

Para se defender, o missionário teria declarado que, se fosse atacado, chamaria a polícia. Dias depois, uma batida policial ocorreu nas proximidades, e a facção criminosa passou a responsabilizar o missionário, acreditando que ele teria sido o responsável por alertar as autoridades – que foi descartado pelas investigações, pois não há nenhum registro oficial ou prova extraoficial que indique uma delação feita por Márcio.

Delegada Daniela Graça conduziu as investigações

Participação do menor

Daniella Graça informou que, no dia do crime, o adolescente cumpriu sua função dentro da estrutura da facção, levando a arma e uma bicicleta – usada para fuga – para o executor Clebson, que então executou a vítima a tiros.

Momentos antes de ser morto, sem saber que estava sendo monitorado pelos bandidos, Márcio cumpriu a mesma rotina de sempre: atravessou a área de pontes em direção ao ponto de ônibus. Quando chegou à Rua Santos Dumont, atravessou a via para entrar no estacionamento de um supermercado, que ele usava como atalho para chegar à parada na Rodovia JP. Foi nesse momento que ele foi atacado.

“O adolescente estava executando uma ordem da organização criminosa, pegando essa arma, pegando essa bicicleta dentro da facção e indo ao local do crime para que a vítima fosse executada”, explicou a delegada.

Márcio era missionário

Antecedentes

Apesar da pouca idade – ele completou 17 anos há apenas 1 mês – o adolescente é considerado perigoso pelas autoridades. Além do homicídio de Márcio Sousa, ele já possui um histórico de envolvimento em crimes graves.

A DEIAI registrou que ele já esteve implicado em atos infracionais análogos a homicídio e roubo, e que participou de um arrastão contra estudantes da Universidade Federal do Amapá (Unifap). Em um episódio anterior, a Polícia Civil havia solicitado a internação provisória do jovem, mas a Justiça não acatou o pedido na ocasião, permitindo que ele permanecesse em liberdade.

Com a apreensão desta sexta, o adolescente foi encaminhado ao Centro de Internação Provisória e responderá por atos infracionais análogos a homicídio qualificado e participação em organização criminosa. A princípio, porém ele ficará encarcerado por pelo menos 45 dias e ainda pode ser solto.

Seles Nafes
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