Policial penal ganhou R$ 1 milhão levando drogas e celulares ao Iapen, diz investigação

Jonatas Marques foi preso em flagrante pelos colegas de farda ao tentar entrar com drogas e celulares no Iapen.
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Por RODRIGO DIAS

A vida de ostentação de Jonatas Marques, 28 anos, chamava atenção nas redes sociais. O policial penal exibia diversos itens de luxo, que, segundo a polícia, foram adquiridos por meio de suas atividades criminosas.

Nesta segunda-feira (11), ele foi preso em flagrante pelos colegas de farda ao tentar – mais uma vez – entrar com drogas e celulares no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).

De acordo com o trabalho de inteligência, Jonatas estava lucrando bastante com esse esquema. Servidor concursado desde 2022, ele vinha sendo investigado há meses por corrupção.

Drogas, dinheiro …

… e coleção de capacetes avaliada em R$ 100 mil. Fotos: Divulgação

Moto de luxo apreendida na casa do policial penal

Jonatas foi preso por tráfico de drogas e prevaricação. Com ele, foram apreendidos dois veículos de luxo (uma moto e um carro), uma coleção de capacetes avaliada em mais de R$ 100 mil, além de armas, munições e R$ 95 mil em espécie.

Os materiais apreendidos foram avaliados em cerca de R$ 350 mil. Estima-se que, ao atuar em seis plantões por mês e ganhar cerca de R$ 25 mil por cada entrada de materiais ilícitos, ele faturava cerca de R$ 150 mil mensais. Em mais de um ano, o valor acumulado poderia ultrapassar R$ 1 milhão, mesmo considerando folgas e férias.

Nesta terça-feira (12), a Secretaria de Justiça e Segurança Pública comentou o caso.

Investigação

O delegado Cézar Ávila, responsável pela investigação, detalhou o modo de atuação do policial. Jonatas entrava com os materiais ilícitos, deixava-os em seu alojamento e saía para almoçar. Em seguida, escondia os itens em um local específico para que os detentos os recolhessem e os levassem aos pavilhões. Pelo serviço, ele recebia o pagamento em espécie fora da unidade.

Momento que os R$ 95 mil em espécie foram encontrados na casa dele

“A cada entrega, ele recebia cerca de R$ 25 mil. Isso é corrupção. Os presos pagavam para que ele deixasse de cumprir sua função de barrar a entrada desses materiais. Ele ostentava um padrão de vida bem acima do que seu salário de R$ 6 mil permitia e realizou o sonho de viver no luxo, mas a esse preço”, afirmou o delegado.

Embora tivesse um salário bruto de R$ 6 mil e sofresse descontos por empréstimos, Jonatas chegou a gastar mais de R$ 5 mil mensais com aluguel de carros em agosto, mesmo declarando ter veículos próprios. Aos mais próximos, ele alegava ser agiota.

A investigação aponta que ele operava o esquema desde o primeiro semestre de 2022, o que teria lhe rendido mais de R$ 500 mil.

Delegado Cézar Ávila, responsável pela investigação, o corregedor penitenciário, Adilson Galvão

Corrupção

Em 2024, três policiais penais foram flagrados tentando introduzir materiais ilícitos no Iapen. Segundo o corregedor penitenciário, Adilson Galvão, todos os casos estão sendo tratados com rigor e de acordo com os procedimentos legais.

Galvão explicou que medidas estão sendo tomadas para identificar vulnerabilidades na revista de segurança. Em um dos métodos descobertos, Jonatas colava celulares uns aos outros dentro do colete, fazendo-os parecer um único aparelho nas imagens do detector.

Segundo a Polícia Penal, há meses Marques era investigado por corrupção

Nas redes sociais, ele chamava bastante a atenção, ostentando roupas, relógios e outros acessórios de grifes

Há suspeitas de que ele introduzia os materiais aos poucos, aproveitando o movimento de chegada de funcionários. A corregedoria investiga a possibilidade de envolvimento de outros servidores. Contudo, Galvão ressaltou que essas prisões não ferem a idoneidade da categoria.

“Essa conduta não define o policial penal. O que define é a atitude dos que o prenderam, que seguem combatendo práticas ilícitas diariamente. Agradecemos e reforçamos o comportamento desses servidores que se mantêm vigilantes, pois a polícia penal é formada majoritariamente por servidores honestos, que cumprem o dever de manter pessoas perigosas sob custódia, sem acesso a drogas ou celulares, e garantir a segurança”, destacou o corregedor.

As investigações prosseguem para identificar outros possíveis envolvidos no esquema, incluindo pessoas externas que colaboravam com a operação.

Seles Nafes
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