Por SELES NAFES
A Secretaria de Estado da Educação (Seed) do Amapá anunciou, durante um seminário realizado na segunda-feira (18), que colocará em prática a lei sancionada em 2016 proibindo o uso de celulares dentro das salas de aula. A informação foi compartilhada pela secretaria durante um evento promovido pelo Ministério Público do Estado, que discutiu o impacto do abuso de telas no aprendizado.
O seminário, que contou com a participação de psicólogos, especialistas em educação, representantes de secretarias de educação e conselhos, abordou os perigos do uso excessivo de telas e as consequências no processo de aprendizagem. A promotora de Justiça da Infância e Juventude, Neuza Barbosa, explicou ao Portal SN, nesta terça-feira (19), que a medida já deveria ter sido implementada e que agora, com o apoio do Ministério Público, a Seed irá comunicar oficialmente aos pais sobre a proibição.
“A lei existe e já deveria estar sendo cumprida. Agora, com o impulso do Ministério Público, a Seed informou que vai dar ciência aos pais sobre a proibição durante o processo de matrícula e rematrícula”, afirmou a promotora.
A lei, que abrange escolas públicas e privadas, foi sancionada durante o governo de Waldez Góes (PDT) e estabelece que os celulares sejam desligados durante as aulas. No entanto, o dispositivo prevê algumas exceções, como o uso do aparelho em atividades pedagógicas, caso o professor considere adequado. Além disso, a lei também veda o uso de celulares em outros ambientes educacionais, como bibliotecas.
Pesquisa
O seminário incluiu palestras com temas como “Conexão Consciente MQS”, que apresentou uma proposta em desenvolvimento nas escolas para incentivar o uso responsável dos celulares, “Os Limites entre o Entretenimento e Sofrimento Emocional pelo Uso de Telas” e “Os Impactos do Uso de Telas no Neurodesenvolvimento”.
A psicóloga Mayana Lacerda apresentou dados alarmantes de uma pesquisa da Fiocruz, indicando que crianças de até cinco anos passam, em média, quatro horas por dia em frente às telas, enquanto adolescentes ultrapassam as oito horas.
“Tem ainda a hora de dormir, estudar e outras atividades extraclasse. Chamo para a reflexão sobre quem está educando essa geração? Os pais ou as redes sociais, televisão e influenciadores? Essa realidade precisa ser debatida, mesmo que os pais digam que têm controle sobre os filhos”, destacou Lacerda.
Ela também alertou sobre os prejuízos do uso excessivo de telas na primeira infância, especialmente no desenvolvimento da linguagem e nas habilidades de socialização.
“Geralmente, celular e tablet são os primeiros brinquedos das crianças, o que as impede de viver experiências reais, explorar objetos e afeta sua atenção, concentração e socialização”, explicou a psicóloga.
Além dos impactos no desenvolvimento mental, social e físico, os palestrantes reforçaram os riscos do acesso a conteúdos inadequados para a faixa etária, como materiais de teor sexual, e a influência do uso excessivo de telas no aumento de casos de ansiedade e depressão entre os jovens.