Dor e pedidos de justiça marcam enterro de fazendeiro assassinado no Amapá

No velório esposa da vítima gritou: "Vai em paz, meu velho, nós vamos lutar pelo teu terreno".
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Por RODRIGO DIAS

A despedida de Antônio Candeia Oliveira, de 80 anos, conhecido como “Maranhão”, foi marcada por dor, comoção, tristeza e pedidos de justiça. O fazendeiro foi morto no sábado (23), na Fazenda Boa Vista do Flexal, no município de Amapá, a 310 km de Macapá, em uma suposta disputa por terras. 

No velório, relatos emocionados destacaram o quanto “seu Maranhão” era querido. Em meio à dor, a companheira da vítima desabafou em prantos sobre o caixão: “Vai em paz, meu velho, vai em paz, que nós vamos lutar pelo teu terreno”.

A vítima deixa oito filhos. Uma das filhas também se pronunciou: “Meu pai foi embora de forma bruta. Eu não admito, minha família não admite. Meu pai era muito querido, ele não merecia morrer dessa forma. Muito obrigado a todos que vieram se despedir.”

Antônio Candeia Oliveira, conhecido como “Maranhão”, tinha 80 anos

Durante o cortejo, manifestantes fizeram…

… um ato em frente à Promotoria de Justiça do município

Durante o cortejo, manifestantes fizeram um ato em frente à Promotoria de Justiça do município, clamando por justiça. 

Acusados

Francisco Canindé da Silva, companheiro da prefeita eleita de Amapá, Kelly Lobato, foi preso após comparecer à delegacia para comunicar o homicídio. A investigação apontou seu envolvimento como mandante do crime. No domingo (24), a prisão foi convertida em preventiva. A prefeita eleita não é investigada no caso. 

O sargento da reserva do Exército Antônio Carlos Lima de Araújo, de 59 anos, apontado como autor dos disparos se apresentou hoje (25) à Polícia Civil do Amapá, na capital, acompanhado de seus advogados de defesa.

Familiares da vítima e advogados de acusação

Canindé, acusado de ser o mandante, está preso

Já a acusação foi assumida pelos advogados Ana Diandra Fontoura, Andrew Valente e André Barroso. Segundo eles, Maranhão vivia há cerca de 60 anos no município e possuía duas propriedades: uma modesta, onde morava, e outra de grande extensão, que estava à venda.  

“O Canindé foi quem realizou a compra da propriedade. A vítima vendeu o imóvel por R$ 200 mil, mas recebeu apenas R$ 100 mil. O restante ficou pendente em um acordo que nunca foi cumprido”, explicou Andrew Valente.

Ele também relatou que o fazendeiro sofreu ameaças por cobrar o valor restante: “A filha dele chegou a receber uma ligação dias antes do crime, dizendo que iriam matá-lo.”

Araújo momentos antes do homicídio

Próximos passos 

A acusação acompanhará as apresentações dos envolvidos, os depoimentos e as investigações preliminares. Será solicitado o levantamento do sigilo telefônico para comprovar a premeditação do crime e assegurar a efetivação das prisões.

Seles Nafes
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