Por RODRIGO DIAS
Os nove presos que, segundo a Polícia Civil, integram uma rede de exploração sexual de menores de idade no Amapá passaram por audiência de custódia e tiveram as prisões mantidas. Oito deles foram transferidos para o Iapen, o presídio amapaense, e o major Aderaldo Clementino Leite, militar, para o quartel do Corpo de Bombeiros.
Ontem (17), o portal SN apurou a o envolvimento do personal trainer Rafael Pantoja Lopes e do vereador Zeca Abdon.
Nesta quarta-feira (18), mais um perfil conhecido no Amapá e que foi alvo da Operação Iuvens, deflagrada pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Criança e o Adolescente (Dercca), vaio à tona.
Trata-se do empresário André de Sousa Santos, conhecido como “Amigo Rico”, de 44 anos. Ele foi preso em um condomínio de luxo na Rodovia Josmar Chaves Pinto, na zona sul da capital amapaense.
Investigado por pedofilia, alguns empreendimentos de André são justamente voltados para diversão sexual: os motéis Palazzo, que têm unidades em Santana e Macapá. Além disso, é administrador da Silmar Navegação, que promove passeios turísticos com lanchas, balsa, ferryboat e voadeira.
Em seu perfil no Facebook, André Amigo Rico esbanja vídeos em eventos. Mostra a vida luxuosa que ostenta em ambientes de alto padrão, inclusive em uma mansão.
Segundo as investigações da Polícia Civil, o empresário também tinha acesso ao catálogo digital de meninas vulneráveis entre 13 e 17 anos, onde algumas, em situação financeira paupérrima, recebiam R$ 30 para serem exploradas sexualmente – ou de alguns “clientes” apenas “agrados” como almoços ou lanches.
Detalhes da investigação
A reportagem teve acesso exclusivo sobre como funciona o envolvimento do empresário André Amigo Rico. De acordo com a investigação, ele tinha interesse por várias meninas assediadas e agenciadas por Paulo Henrique Corrêa Passarinho, de 20 anos, um dos 9 presos na operação. Era passarinho o agenciador do esquema, ele que arregimentava as garotas pobres do bairro do Muca, na zona sul de Macapá, para a rede de relações sexuais ilegais em troca de comissões.
A investigações apontaram que o empresário André tinha preferência por uma menina em específico, na época (29/11/2023) com 14 anos. Entretanto, a polícia apurou que o nível de envolvimento entre ele e a vítima sugere que os encontros sexuais em troca de dinheiro já ocorreriam desde setembro de 2023, quando a menina ainda tinha 13 anos – idade que caracterizada o crime de estupro de vulnerável.
Os encontros com essa vítima se estenderam até fevereiro de 2024, como mostram prints anexados no processo. Nesse caso, se caracteriza o crime de favorecimento da prostituição.
Esta vítima não foi a única. Em outra conversa obtida pela polícia, ele chega a perguntar pela menina, mas o agenciador manda foto de outra. André se interessa, mas se mostra impaciente. O agenciador então consegue a preferida do empresário para mais um ato sexual.
Sobre os pagamentos, as conversas mostram que o investigado tinha o cuidado de não fazer por meio de transação bancária, como o pix, para evitar rastros. Outras conversas apontaram que ele levava o dinheiro em espécie.
As conversas entre o Amigo Rico e Passarinho eram diárias, sendo o aliciamento de meninas para programa a única pauta entre eles.
O empresário recebia inúmeras fotos do agenciador, dizia que queria ver mais, perguntava idade, inclusive várias com 16 anos, mas a preferência era a mais nova.
Por fim, foi descoberto que André levava as menores com quem tinha relações sexuais para seu motel Palazzo, na Rodovia Duca Serra, onde não corria riscos, já que é proprietário do espaço.