Aluguéis para a COP 30 em Belém chegam a milhões de reais

Atualmente, Belém e sua região metropolitana contam com apenas 20 mil leitos em hotéis, um número insuficiente para acomodar os milhares de visitantes esperados.
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Por PEDRO SILVA, de Belém

Quem busca hospedagem em Belém para o período da COP 30, entre 10 e 21 de novembro, pode se surpreender com os valores praticados no mercado. Em meio à expectativa pelo maior evento climático do mundo, que deve reunir mais de 50 mil visitantes na capital paraense, os preços de aluguéis temporários atingiram patamares inéditos.

Em uma rápida pesquisa em plataformas como Booking.com e Airbnb, alguns anúncios chamam atenção pelo valor exorbitante. Um apartamento na região central está listado por impressionantes R$ 1,9 milhão pelos 11 dias de evento. Outro, na mesma região, pede R$ 1,3 milhão pelo período. Há ainda um imóvel de alto padrão localizado na avenida Augusto Montenegro, a cerca de 14 km da Estação das Docas, anunciado por R$ 2 milhões para os dias da conferência.

A precificação estratosférica de alguns imóveis levanta debates sobre especulação imobiliária e acessibilidade, especialmente considerando que muitos desses apartamentos e casas parecem estar sendo ofertados pela primeira vez para aluguel temporário. Em comparação, outras opções, embora ainda caras, mostram valores menos exagerados, girando em torno de R$ 50 mil por diária.

Na Doca, o aluguel é de R$ 1,3 milhão pelo período

Um apartamento na região central está listado por impressionantes R$ 1,9 milhão pelos 11 dias de evento

Imóvel de alto padrão localizado na avenida Augusto Montenegro, a cerca de 14 km da Estação das Docas, anunciado por R$ 2 milhões para os dias da conferência

Demanda maior que a oferta

A questão da hospedagem tem sido um dos maiores desafios da organização da COP 30. Atualmente, Belém e sua região metropolitana contam com apenas 20 mil leitos em hotéis, um número insuficiente para acomodar os milhares de visitantes esperados. Segundo o governo do Pará e o governo federal, o plano para expandir a capacidade de acomodação está em andamento e segue dentro do cronograma, mas a dez meses do evento, ainda há incertezas sobre como a cidade conseguirá lidar com a demanda sem gerar uma crise de hospedagem.

Além das delegações oficiais e dos participantes credenciados para os debates na área controlada pela ONU, a cidade receberá um grande fluxo de ativistas ambientais, representantes de ONGs, jornalistas, cientistas e povos indígenas. Diante desse cenário, o poder público e o setor privado trabalham em várias frentes para ampliar as opções de estadia.

Embora ainda caros, valores alternativos giram em torno de R$ 15 mil por diária …

… a R$ 50 mil por dia

Alternativas para a hospedagem

Diante da superlotação da rede hoteleira, o governo aposta em soluções alternativas para aumentar a oferta de leitos. Algumas das principais medidas incluem:

Navios-hotel: Cruzeiros ficarão atracados no Porto de Outeiro para funcionar como hotéis flutuantes. Os transatlânticos já estão em fase avançada de negociação pelo governo federal.

Hospedagem estudantil: 17 escolas públicas serão reformadas e adaptadas para operar no formato de hostels temporários.

Expansão do aluguel de temporada: Parcerias com plataformas como Airbnb e Booking.com já impulsionaram um aumento de 54% no número de imóveis cadastrados para aluguel temporário.

Vila COP 30: O governo prevê a instalação de unidades habitacionais temporárias de alto padrão, que posteriormente serão convertidas em centros administrativos.

Apoio ao setor hoteleiro: Isenção de ICMS para a compra de equipamentos como frigobares, televisores e móveis para hotéis, além da oferta de linhas de crédito via BNDES para modernização da rede existente.

A rede hoteleira da cidade também será ampliada com quatro novos empreendimentos internacionais. Um deles ocupará três galpões na área do Porto Futuro II, outro será instalado em um antigo prédio da Receita Federal, um terceiro no bairro do Reduto e o quarto ficará na cidade de Castanhal, na região metropolitana de Belém.

Aluguel temporário

Com a escassez de hospedagens e o aumento da procura, moradores enxergaram uma oportunidade para gerar renda extra durante a COP 30.

Esse é o caso do advogado Leandro Moura, que decidiu transformar seu imóvel em uma opção de hospedagem durante o evento. Segundo ele, essa será sua primeira experiência com aluguel temporário, mas a oportunidade de lucro foi um fator decisivo:

“O que me motivou foi a oportunidade de fazer uma renda extra. Será minha primeira experiência alugando meu imóvel para um evento desse porte.”

Leandro Moura e sua esposa decidiram transformar seu imóvel em uma opção de hospedagem durante o evento

Para tornar a estadia mais atrativa, Moura afirma que preparou seu apartamento para atender aos hóspedes com conforto:

“Meu apartamento está todo equipado para que quem alugue se sinta em casa. Todos os quartos têm ar-condicionado, televisão e camas confortáveis, além de estar em uma localização estratégica, perto do evento.”

Já em relação à precificação, ele revela que ainda não tem certeza de quanto cobrar, mas que está acompanhando os valores praticados no mercado.

“Defini o valor do aluguel de acordo com o que estão cobrando. Preferi indicar para um corretor que tem parceria com uma broker para ter uma melhor experiência e também mais segurança.”

Durante o período da COP 30, Moura pretende se hospedar na casa de familiares e também aproveitar os eventos paralelos que acontecerão na cidade. Para ele, a realização da conferência representa um divisor de águas para Belém:

“Vejo a COP 30 como um evento transformador para a cidade. Será uma oportunidade única para o desenvolvimento e para mostrar nossa região para o mundo.”

O apartamento de Leandro é todo equipado e possui sala …

… quartos de solteiro …

… de casal …

… cozinha

Preços fora da realidade

A alta nos preços das hospedagens em Belém não é uma exclusividade da capital paraense. Grandes eventos internacionais frequentemente levam a aumentos expressivos nas tarifas hoteleiras e nos aluguéis de temporada. No entanto, os valores milionários registrados na cidade geram preocupações sobre a especulação imobiliária e a possibilidade de afastar visitantes.

Após uma visita recente de representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) para acompanhar a preparação da cidade, o governo anunciou que medidas para conter o avanço dos preços estão sendo planejadas, mas ainda não foram detalhadas.

Seles Nafes
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