AP trava guerra contra a ‘vassoura de bruxa da mandioca’ e inicia testes com mudas resistentes

Praga saiu dos limites de Oiapoque, e chegou a naus quatro municípios; Rurap, Diagro, Embrapa, Funai e Ministério da Agricultura lutam contra a doença eue devasta plantações
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Por SELES NAFES

Técnicos do setor agrícola do Amapá enfrentam a pior praga dos últimos anos no setor primário do estado: a ‘vassoura de bruxa da mandioca’. Antes restrita ao município de Oiapoque, a 590 km de Macapá, a doença já se espalhou para Calçoene, Amapá, Pracuúba, Tartarugalzinho e Pedra Branca do Amapari, colocando em risco a principal fonte de alimento e renda das comunidades indígenas, rurais, populações tradicionais e agricultores familiares.

A ‘vassoura de bruxa da mandioca’ é causada por um fungo altamente destrutivo, que se propaga pelo ar, roupas, ferramentas e, principalmente, pelo trânsito de manivas – método tradicional de troca de mudas entre indígenas. Os efeitos da praga são tão devastadores que interromperam a produção de farinha, essencial para a alimentação dessas populações.

Estratégias do Estado para o combate à praga

O governo do Amapá, em parceria com órgãos como a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Amapá (Diagro), o Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap), Funai, Ministério da Agricultura e a Embrapa, implementou diversas medidas para conter o avanço da praga.

Uma das primeiras ações foi a reativação da barreira sanitária, interrompida no fim do ano passado por escassez de recursos. A barreira foi reativada este mês por meio da de uma ação conjunta do Ministério da Agricultura e Diagro (Estado). O objetivo é evitar a circulação de mudas contaminadas.

 

Sementes de mandioca distribuídas em 2024

Técnicos mostrarão tecnologias para multiplicação de manivas-sementes

Além disso, o Rurap está promovendo educação sanitária nas comunidades produtoras. Uma cartilha educativa foi desenvolvida em três dialetos indígenas, francês e português, explicando a origem, os prejuízos e as formas de controle da doença. Grupos de WhatsApp foram criados para auxiliar agricultores na identificação da praga e na comunicação rápida com técnicos da Diagro e da Embrapa.

Apoio social e busca por mudas resistentes

Para minimizar os impactos sociais da praga, o governo do estado já distribuiu mais de 20 mil cestas básicas, incluindo farinha, para as famílias afetadas.

Na busca por alternativas mais duradouras, os técnicos identificaram duas variedades indígenas de maniva que demonstraram resistência à doença em áreas já contaminadas. Agora, as autoridades realizam consultas com as comunidades indígenas, seguindo os protocolos da Funai e da Embrapa, para garantir que o material genético possa ser utilizado de forma sustentável.

Uma das estratégias para expandir a produção de mudas resistentes envolve o cultivo em estufas com sistema de irrigação controlado, eliminando qualquer possibilidade de contaminação por micro-organismos. Cada estufa tem capacidade para produzir 1,5 mil mudas a cada três meses. O plano é ampliar esse campo de multiplicação e implantar uma biofábrica para a produção de mudas in vitro, acelerando a disseminação de variedades mais resistentes.

Testes com fungicidas e futuro do comba

Jorge Rafael participa de encontro promovido pelo governo francês para discutir o tema

Técnicos brasileiros e franceses nivelam informações

te à praga

Além do desenvolvimento de mudas resistentes, o Amapá iniciará testes com fungicidas certificados para aplicação nas áreas contaminadas, buscando conter a propagação da praga. Essa será a próxima fase do combate à ‘vassoura de bruxa da mandioca’.

Até o momento, não há registros da praga no estado vizinho do Pará, o que reforça a necessidade de intensificar as medidas de contenção no Amapá e evitar uma disseminação ainda maior. Em Belém, Jorge Rafael e uma equipe do Rurap participam de um encontro promovido pelo governo francês, que teme a entrada da praga no Platô das Guianas.

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