ICMBio nega que futuras reservas marinhas impactem exploração de petróleo: ‘mal-entendido’

Num vídeo divulgado nas redes sociais do instituto, Mauro Pires fala proposta de criar 4 reservas marinhas na costa do Amapá
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Por SELES NAFES

O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, negou que as consultas públicas para a criação de reservas marinhas na costa do Amapá tenham como objetivo dificultar ainda mais a exploração de petróleo. Em um vídeo divulgado nas redes sociais do instituto, ele afirma que o processo surgiu a partir da demanda de pescadores da região e de povos tradicionais há mais de 20 anos. Para ele, a repercussão negativa em torno do processo é um “mal-entendido”. O senador Lucas Barreto (PSD-AP) pensa o contrário.

Segundo Mauro Pires, as primeiras solicitações das populações locais foram levadas ao governo federal em 2005.

“A reserva marinha tem o objetivo de defender o modo de vida tradicional. É uma unidade voltada para o uso sustentável”, explicou.

A partir disso, continuou o presidente, foram realizadas 11 consultas públicas prévias, que resultaram na proposta de criação de quatro reservas marinhas. As mais distantes do local previsto para perfuração são as de Calçoene (335 km) e Sucuriju (447 km).

Contudo, no próprio mapa divulgado pelo diretor, é possível observar que a reserva de Oiapoque ficaria a apenas 137 km do ponto de perfuração que está nos planos da Petrobras — o que, em um futuro próximo, pode engrossar o argumento do Ibama para uma nova negativa quanto ao licenciamento para a perfuração de poços.

Futura reserva marinha de Oiapoque fica a 137 km do local de exploração, abrindo uma enorme brecha para o Ibama

Lucas: “Já conhecemos essa história”. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Para Mauro Pires, no entanto, essas reservas estão distantes dos blocos de exploração na Margem Equatorial:

“Em nada vai influenciar a atividade de petróleo. E nós colocamos em consulta essa proposta para que a sociedade possa conhecer do que se trata, possa apresentar as suas dúvidas com sugestões, para que depois o governo (federal) leve em conta todas essas considerações”, concluiu.

A classe política do Amapá tem encarado com desconfiança a movimentação do ICMBio. O senador Lucas Barreto (PSD), por exemplo, usou a tribuna do Senado ontem (22) para lembrar que o estado já foi vítima de processos parecidos. 

Já conhecemos essa história. Foi assim que nos tiraram mais de 74% do território estadual em nome de parques nacionais que só existem no papel. Agora, a tentativa se repete com novos rótulos e velhos propósitos. O ICMBio age como sabotador do desenvolvimento do Amapá e ainda tenta negar que as reservas afetem a exploração de petróleo. Mas a realidade fala por si. Trata-se de uma ofensiva articulada para transformar o estado em um museu ambiental: bonito de ver, inútil para quem mora dentro dele”.

Seles Nafes
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