Justiça por indígena morta por pescador encontra novo desafio

Julgamento do acusado de matar e estuprar Maria Clara, de 15 anos, foi adiado e pode ser transferido para outra cidade
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Por SELES NAFES

A família de uma adolescente brutalmente assassinada em 2023 acumula a dor da perda e, agora, um sentimento ainda maior de indignação. Parentes e amigos estão se mobilizando para impedir que o julgamento do acusado do crime ocorra fora de Oiapoque, município a 590 km de Macapá, onde aconteceu o crime.

Maria Clara era indígena da etnia Karipuna e tinha 15 anos. Em setembro de 2023, ela saiu de casa para comprar pão e foi abordada pelo criminoso. A adolescente foi estuprada e afogada em um lago de fezes e lama, em uma área de ressaca.

Ela ainda foi socorrida com vida, mas, com os pulmões encharcados, o quadro clínico se agravou. Maria Clara faleceu no hospital de Caiena (Guiana Francesa), para onde havia sido transferida. O pescador Cláudio Roberto da Silva Ferreira, hoje com 45 anos, foi preso pela Polícia Civil ainda em flagrante.

O julgamento dele estava marcado para esta segunda-feira (16), mas foi suspenso depois que a defensora pública alegou risco à integridade física do pescador, que continua preso desde a época do crime no Instituto Penitenciário do Amapá (Iapen).

Com o pai Dionécio na foto original que hoje ilustra pedido por justiça. Foto: Reprodução

Maria Socorrida em residência após o estupro e afogamento na lama

A defensora pediu o desaforamento, ou seja, que o júri seja realizado em Calçoene, cidade vizinha, a 150 km do local do crime. A família ficou revoltada.

“A família não tem como acompanhar em Calçoene, fica difícil para as testemunhas. Ela era de Oiapoque, o crime ocorreu em Oiapoque, e o correto é ocorrer o julgamento aqui, para que ela tenha a justiça merecida”, comentou uma moradora que está apoiando a família.

“Se for pra lá teremos que fazer uma vaquinha para pagar um transporte para as pessoas irem acompanhar”, disse Dionécio Rodrigues, pai da adolescente. Ele gravou um vídeo pedindo que o julgamento permaneça em Oiapoque.

Claudio Roberto da Silva Ferreira foi preso quando tentava fugir em embarcação. Foto: reprodução

Ele e a atual companheira estão criando o neto, filho de Maria Clara, e tentam obter na justiça a guarda definitiva do menino, hoje com 3 anos.

“Não conseguimos retirar os documentos dele porque não temos a guarda definitiva. Até pra viajar ou ser atendido em hospital é uma dificuldade”, revelou.

Seles Nafes
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