Por SELES NAFES
O Amapá acaba de ser alçado a um novo patamar estratégico no cenário energético nacional. Com a conclusão do leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), realizado na terça-feira (17), o estado entrou definitivamente no radar das grandes petroleiras. Das 172 áreas ofertadas, 19 estão localizadas na Bacia da Foz do Amazonas, costa marítima do Amapá, e foram arrematadas por gigantes do setor como Petrobras, Chevron, ExxonMobil e CNPC.
Juntas, essas empresas investiram cerca de R$ 844 milhões apenas nos blocos da margem equatorial, o que representa mais de 85% da arrecadação total da rodada, que foi de R$ 989 milhões. A ANP comemorou o resultado, destacando que o interesse das companhias demonstra “confiança no potencial exploratório do Brasil”.
Especialistas e autoridades locais tratam o resultado como um divisor de águas para o desenvolvimento econômico do Amapá. O economista Charles Chelala, da Universidade Federal do Amapá (Unifap), ressalta que o desafio será garantir a geração de riqueza sem abrir mão da sustentabilidade. “Se houver uma boa regulação, a exploração pode ser compatível com a preservação ambiental”, avaliou.
Por outro lado, a expansão da atividade petrolífera em áreas sensíveis da costa amazônica reacende o debate sobre impactos socioambientais. Organizações como Greenpeace e WWF alertam para os riscos à biodiversidade marinha e aos modos de vida de comunidades tradicionais, principalmente em regiões de manguezais e recifes.
O Amapá, antes considerado uma região periférica nos grandes investimentos de petróleo e gás, agora entra de vez no jogo como peça-chave na expansão da produção nacional — e no centro de um intenso debate entre progresso e preservação.