Por OLHO DE BOTO
Após a prisão de Marcos Luan Silva Carvalho, de 19 anos, suspeito de assassinar o policial penal Estevam Trindade Júnior, de 49 anos, em Santana, o delegado Estéfano Santos, da Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), responsável pela investigação do caso, afirmou que a ordem para o homicídio pode ter partido de dentro do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). No entanto, ele descartou qualquer relação do crime com facções criminosas ou ataques orquestrados contra o Estado.
Segundo o delegado, uma das linhas mais consistentes da investigação aponta que a motivação teria sido pessoal. Estevam teria contratado um homem para um serviço avulso em sua oficina retífica – empreendimento do agente de segurança penal. O pagamento foi feito antecipadamente, mas o trabalho não foi executado. O contratado, sentindo-se ameaçado pelo policial, teria comunicado a situação a parentes que estão presos no Iapen, o que pode ter dado início à trama para a execução.

Macos Luan confessou a autoria do crime

Vítima foi o o policial penal Estevam Carvalho Trindade Júnior
“De fato, ele [Marcos Luan] é o atirador, é o autor do crime. Foi uma ação rápida, estratégica e eficaz. Montamos uma força-tarefa em Santana, reconstituímos todo o trajeto que ele fez, desde a aproximação ao local do crime até onde estava escondido”, detalhou o delegado Estéfano.
“A motivação principal hoje é esse desentendimento por conta da dívida, mas ainda é cedo para cravar com certeza”, precaveu-se Santos.
A captura de Marcos Luan ocorreu na manhã desta sexta-feira (18), em uma área isolada da APA da Fazendinha, zona sul de Macapá. Ele foi encontrado escondido em uma residência no meio da mata.

Estéfano Santos: “A motivação principal hoje é esse desentendimento por conta da dívida”. Foto: Olho de Boto

Suspeito foi levado para o Ciosp de Santana
De acordo com o delegado Bruno Braz, da 1ª Delegacia de Santana, o acusado não ofereceu resistência e estava com outras duas pessoas que o abrigaram após o crime. Eles passaram a noite bebendo juntos.
“Houve uma mobilização imediata. Assim que tomamos conhecimento do crime, as equipes foram para as ruas com apoio da inteligência da segurança pública. Durante toda a madrugada houve diligências e, pela manhã, logramos êxito na prisão”, explicou o delegado, que lavrou o flagrante e pediu a prisão preventiva do acusado.

Bruno Brás: “Durante toda a madrugada houve diligências e, pela manhã, logramos êxito na prisão”. Foto: Olho de Boto

Ele se disfarçou de trabalhador para chegar ao local sem levantar desconfianças
O chefe da Coordenadoria de Inteligência e Operações da Sejusp, delegado Ederson Martel, reforçou que todas as forças de segurança agiram de forma integrada, por determinação do governador, Clécio Luís, e do secretário de Justiça e Segurança Pública, Daniel Marsili. Ele garantiu que, apesar das especulações nas redes sociais, não há indícios de que o crime tenha sido motivado por ordens de facções criminosas numa investida contra as forças policiais.
“Foram analisadas todas as linhas de investigação e nenhuma aponta para envolvimento de organizações criminosas. Foi um ataque contra um policial em seu período de folga, sem relação com sua função. O autor confessou o crime e continua prestando depoimento. Seguimos apurando possíveis cúmplices e a origem da ordem para o homicídio”, concluiu Martel.

Delegado Ederson Martel: “não há indícios de que o crime tenha sido motivado por ordens de facções criminosas numa investida contra as forças policiais”

Marcos Luan foi preso na APA da Fazendinha
A polícia agora vai aprofundar a análise do celular apreendido com o suspeito para tentar esclarecer todos os pontos ainda nebulosos sobre a execução do crime. Até o momento, a principal hipótese é que a motivação foi pessoal, sem ligação com o trabalho da vítima ou com ataques de grupos criminosos à segurança pública.