Por SELES NAFES
A Polícia Federal identificou o advogado Marco Antônio de Oliveira da Costa como uma das peças-chaves para entender um suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria sido operado a partir do gabinete do deputado federal Acácio Favacho, atual presidente do MDB no Amapá. Segundo investigação autorizada pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Antônio realizou transferências suspeitas com outros assessores do parlamentar, parte de um circuito financeiro que somaria quase R$ 3 milhões entre 2018 e 2020. O Portal SN falou com o advogado Marco Antônio.
De acordo com o Relatório de Inteligência Financeira do COAF, Marco Antônio, que recebia salário líquido de pouco mais de R$ 3,4 mil no gabinete, foi relacionado como remetente ou destinatário de recursos em 11 comunicações de operações suspeitas, com valores remetidos e recebidos que ultrapassam R$ 385 mil.
As movimentações incluíam outros assessores do deputado, como Marcus Vinícius Baía dos Santos Ferreira.
O nome de Marcus Vinícius, primo de Acácio e ex-secretário parlamentar, aparece como um dos principais operadores do suposto esquema. Ele teria movimentado mais de R$ 2,6 milhões em sua conta pessoal, valor muito acima do seu rendimento bruto de R$ 7,8 mil mensais. Na próxima semana, Marcus Vinícius prestará depoimento à Polícia Federal em Brasília no contexto de um acordo de delação premiada, cujos termos ainda precisarão ser homologados pelo STF.
O relatório da Receita Federal também aponta evolução patrimonial incompatível entre os assessores. Saques fracionados em espécie, transferências recorrentes entre servidores e pagamentos de títulos bancários de terceiros seriam indícios claros de lavagem de dinheiro. A PF destaca que essas movimentações não têm justificativas plausíveis e envolvem, além de pessoas físicas, empresas possivelmente de fachada. O próprio deputado Acácio Favacho aparece relacionado em seis comunicações de operações suspeitas.

Transferências mútuas somaram quase R$ 400 mil

Advogado tinha salário de pouco mais de R$ 3 mil, mas movimentou quase R$ 400 mil

Acácio ao lado do primo e delator Marcus Vinícius. Foto: Reprodução redes
Na portaria de abertura do inquérito, que corre em sigilo, a delegada Lorena Nascimento explica que existe um histórico antigo de suspeitas contra Acácio. Desde a época em que foi vereador de Macapá, ele já figurava em investigações por crimes como peculato, corrupção, fraude em licitações e montagem de empresas de fachada para emitir notas fiscais frias.
Em 2012, por exemplo, ele foi alvo de inquérito por desvio de recursos por meio de diárias fraudulentas de viagem. Em 2016 e 2017, surgiram novas denúncias envolvendo licitações e obras públicas.
Procurado pelo Portal SN para se ouvido na reportagem, o advogado preferiu alegar que a investigação corre em sigilo “absoluto. É bom vocês observarem isso. Não poste nada a meu respeito. Meu pedido é esse“.