Vítimas atropeladas por colega de faculdade revelam motivo da tentativa de homicídio

Crime ocorreu na Avenida Vereador José Tupinambá, na região central de Macapá.
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Por RODRIGO DIAS

O vídeo do atropelamento na Avenida Vereador José Tupinambá, em Macapá, dominou as redes sociais na última quinta-feira (9), transformando uma briga acadêmica em um caso de polícia com suspeita de tentativa de duplo homicídio e racismo. A motorista, Yandra Enonnie Souza dos Santos, colega de curso das vítimas na Universidade Paulista (Unip), está sendo procurada após fugir do local.

As vítimas, as estudantes de Educação Física Dayane Costa Moraes, de 19 anos, e Sthefany Ferreira, de 21, foram atingidas pelo carro Nissan Xtrail branco (placa da Guiana Francesa FA410BB) enquanto caminhavam pela via. Elas sofreram lesões múltiplas e alegam que o ataque foi intencional, resultado de um longo histórico de perseguição e ofensas racistas.

Momento do atropelamento

Vítima quebra o silêncio

Nesta sexta-feira (10), o portal SelesNafes.Com conversou com Dayane Costa Moraes (a jovem de calça clara no vídeo), que reside no bairro do Coração, para dar luz ao que realmente motivou o crime. O relato de Dayane expõe um cenário de assédio continuado dentro da faculdade, no bairro Jesus de Nazaré.

“Essa colega já vinha me seguindo na faculdade por causa de um relacionamento antigo que eu tive,” contou Dayane.

Ela explicou que a situação piorou quando Yandra não teve sua atenção.

Marcas deixadas pelo atentado. Foto: Rodrigo Dias

“Só que, como eu nunca dava moral, ela começou a fazer racismo comigo durante a aula, e me intimidar dentro da sala”, acrescentou.

O drama ganhou contornos ainda mais graves quando as ofensas deixaram a esfera pessoal e partiram para ataques raciais explícitos, conforme Dayane.

“Há alguns dias ela, junto com a atual da minha ex, me chamavam de preta feia e falaram que pessoas negras não deviam existir, isso tudo na minha frente e da minha colega”, lembra.

Na tarde de quinta-feira, uma nova discussão na sala de aula, desta vez entre Yandra e Sthefany, a amiga de Dayane. Cansadas do assédio e da violência verbal, as duas estudantes decidiram sair da faculdade e ir até a delegacia para denunciar o racismo e a briga.

Ela chamou minha avó de preta, e cuspiu na minha cara. Por isso fui pra cima. Uma ação gera uma reação”, resumiu Stephany.

Vítimas registraram ocorrência por tentativa de homicídio. Foto: Rodrigo Dias

Foi nesse percurso que foram surpreendidas pela fúria da “colega”. O impacto causou lesões nos braços, pernas, costas e cabeças das vítimas.

“Fui pega de surpresa. Pensei que ia morrer. Eu me machuquei muito, graças a Deus estou viva, mas estou bastante em choque, minha amiga o mesmo”, disse Dayane.

A motorista fugiu sem prestar socorro. Dayane é atleta de judô e o acidente vai lhe impedir de participar das próximas competições. Ela é enfática ao declarar que o atropelamento foi uma tentativa de tirar suas vidas e garante: “Agora lutarei por justiça”.

Yandra Enonnie Souza dos Santos está sendo procurada pela polícia

A polícia de Macapá segue em busca de Yandra Enonnie Souza dos Santos. Quem tiver informações sobre o paradeiro da acusada pode entrar em contato com as autoridades pelo 190. A identidade será preservada.

Seles Nafes
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