Passarela de “concreto” desmorona 1 ano após ser entregue por Furlan

Ferros expostos e buracos abertos representam risco constante, especialmente para crianças e idosos que vivem na área.
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Por RODRIGO DIAS

Uma passarela revitalizada pela Prefeitura de Macapá no bairro Araxá, na zona sul, entregue aos moradores com a promessa de oferecer segurança e durabilidade, já apresenta sinais graves de deterioração menos de um ano após sua reinauguração.

A obra, anunciada como parte de um programa de revitalização, está se desfazendo, expondo a estrutura antiga e colocando em risco as dezenas de famílias que dependem dela diariamente.

A ordem de serviço para a revitalização da Passarela Marisol foi assinada em 20 de outubro de 2024. A gestão municipal anunciou a reconstrução de 128 metros da estrutura, com a substituição da antiga base de madeira por uma de concreto, visando maior segurança e mobilidade.

Furlan com famílias da Passarela Marisol, 1 ano atrás

A polêmica “ponte mista”, que já gerou centenas de reclamações nas obras da PMM. Foto: Rodrigo Dias

A intervenção contou com emenda parlamentar federal e contrapartida do Tesouro Municipal, embora o valor destinado não tenha sido divulgado pela prefeitura.

Em um ato de entrega rápida, o prefeito Furlan inaugurou a passarela em 24 de novembro de 2024, destacando que a obra beneficiaria mais de 30 famílias.

No entanto, a promessa de uma “passarela de concreto” robusta não se confirmou. Moradores relataram à reportagem que o concreto, com espessura de “menos de dez centímetros”, foi apenas lançado sobre a estrutura de madeira preexistente.

Cimento ‘fraco’ caiu, deixando fendas perigosas. Fotos: Rodrigo Dias

Na última terça-feira (18), um vídeo gravado por moradores passou a circular, mostrando a fragilidade da passarela. Nas imagens, um residente demonstra como o concreto cede facilmente ao toque do pé e da mão, desmanchando-se em pedaços.

Nesta quarta-feira (19), a reportagem esteve no local e confirmou a situação perigosa. A madeira que servia de base para a passarela cedeu, e o concreto – que moradores suspeitam ter sido misturado com mais areia do que cimento – desmoronou em diversos pontos. O que resta são ferros expostos e buracos abertos que representam risco constante, especialmente para crianças e idosos que vivem na área.

Famílias têm que ter cuidado redobrado com o problema

Ivan: “O empreiteiro falou pra mim que essa ponte que fizeram aqui ia durar 20 anos”

O morador Ivan Saraiva, que reside na região desde 2001, relembrou uma conversa que teve com o empreiteiro responsável pela obra.

“O empreiteiro falou pra mim que essa ponte que fizeram aqui ia durar 20 anos”, disse.

Em tom de desabafo, ele ironizou a situação:

“Eu falei que acho que nem ele durava 20 anos, porque ele falou que durava. Era pra eu ter pegado o número dele pra, quando começasse a cair essa ponte, eu ligar pra ele vir olhar. Fizeram um serviço mal feito. A gente quer melhoria, tem que vir fazer de novo. Criança pode cair, até gente grande cair, quebrar a perna.”

Situação é mais perigosa para crianças que brincam no local

A comunidade cobra ação imediata do poder público para refazer a obra, garantindo a segurança e a dignidade prometidas pela revitalização. A prefeitura ainda não se manifestou oficialmente sobre o colapso precoce da estrutura.

Seles Nafes
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