Por RODRIGO DIAS
Em uma cerimônia marcada por emoção e expectativa, o Amapá recebeu oficialmente seu primeiro Centro de Radioterapia — uma conquista histórica para pacientes oncológicos que, até então, precisavam viajar mais de 2 mil quilômetros em busca de tratamento. A unidade, equipada com um acelerador linear de última geração e serviço de braquiterapia, promete oferecer aos amapaenses o mesmo padrão terapêutico disponível nos maiores centros do país.
O físico médico Fernando Parois Japiassu, responsável pela implantação do serviço, afirmou durante a entrega que o momento representa um avanço essencial na assistência em saúde no estado.

Equipamentos de ponta
“É um prazer estar aqui nesse dia especial. Tenho mais de 15 anos de experiência em radioterapia, sou do Rio Grande do Norte e vim com muito orgulho iniciar esse projeto. Nosso objetivo é minimizar a dor dos pacientes oncológicos que antes eram obrigados a percorrer longas distâncias para receber tratamento”, disse.
Ao detalhar a estrutura da unidade, Japiassu explicou os principais equipamentos instalados.
“Aqui nós temos um acelerador linear e um serviço de braquiterapia. O nosso acelerador é exatamente igual aos que existem nos grandes centros do Brasil e do mundo. Isso significa que o tratamento realizado aqui será o mesmo que o paciente encontraria em qualquer lugar”, destacou.

Teconologia de ultima …

… de última geração. Fotos: Rodrigo Dias
Sobre o funcionamento da radioterapia, o especialista reforçou que o tratamento atua de forma precisa no combate ao tumor.
“A radioterapia utiliza radiação ionizante para destruir o tecido tumoral e poupar os órgãos sadios ao redor. Diferente da quimioterapia, que age de forma sistêmica, a radiação é localizada. Mas é importante dizer que o paciente pode precisar de cirurgia, quimioterapia e radioterapia, dependendo da indicação clínica.”
Segundo o físico médico, cada sessão dura, em média, 15 minutos.
“O paciente não sente dor. Ele deita em uma posição fixa, usa acessórios de imobilização e permanece assim durante o procedimento. O tratamento com acelerador linear costuma envolver cerca de 30 sessões”, explicou.

Instalações têm…

… padrão de conforto para os pacientes
No caso da braquiterapia, o serviço atenderá inicialmente casos ginecológicos, como câncer de colo do útero, vulva e vagina.
Quanto à remissão da doença, Japiassu reforçou que o tempo de resposta varia conforme o estágio do diagnóstico.
“Se o paciente chega rapidamente após o diagnóstico, as chances de ficar livre do câncer são bem maiores.”
O centro terá capacidade para atender cerca de 600 pacientes por ano, entre homens, mulheres e crianças. Quando necessário, pacientes que não puderem ser tratados na unidade continuarão sendo encaminhados para Tratamento Fora de Domicílio (TFD).
Um símbolo especial instalado na recepção chamou a atenção: um sino.
“Esse sino faz parte da nossa política de acolhimento. Quando o paciente finaliza o tratamento, ele toca o sino para celebrar a conquista e inspirar outros que ainda estão em terapia. É um momento de alegria e motivação”, ressaltou o médico.
O equipamento mais caro da unidade é o acelerador linear, avaliado em cerca de 1 milhão de dólares — mais de R$ 5 milhões. Mesmo assim, para Japiassu, o valor mais importante é o impacto humano.
“Para mim, é um orgulho participar desse momento e poder aliviar a dor desses pacientes do Amapá. Que muitas pessoas possam tocar esse sino”, disse, emocionado.

