Com coragem e um pregador de roupas, PMs conduzem parto na noite de Natal

Sem apoio médico e com o rádio fora do ar, sargento Zeeyden e sua equipe transformaram uma ocorrência de risco em um momento de vida e esperança na zona norte de Macapá
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Por OLHO DE BOTO

Na madrugada de 25 de dezembro, enquanto a capital ainda dormia sob o som distante da chuva e das luzes de Natal, a guarnição da RP-0102 patrulhava as ruas do conjunto Macapaba I, zona norte, quando foi surpreendida por um pedido de socorro. Eram 4h50 quando Jackson Nascimento, trêmulo e desesperado, correu em direção à viatura. Em poucas palavras, revelou o desespero de um pai: sua filha estava em trabalho de parto avançado, sozinha, dentro do apartamento, sem assistência médica.

O 3º sargento Zeeyden não hesitou. Ao lado dos soldados S. Aguiar e Camila Magno, seguiu imediatamente para o local. Ao entrar no apartamento, encontrou a jovem de 27 anos já em processo de parto. O rádio não funcionava. Não havia médico, equipamentos ou instrumentos. Apenas urgência — e duas vidas em risco. Foi então que o policial assumiu a linha de frente.

Com calma e firmeza, ele conduziu cada passo do procedimento, aplicando conhecimentos técnicos básicos, mantendo o ambiente controlado e emocionalmente seguro. Enquanto o soldado Aguiar tentava contato com o Ciodes e a soldado Camila buscava acionar o Corpo de Bombeiros e o SAMU, o sargento continuava o atendimento.

Estilete, um pregador de roupas…

…calma e conhecimentos básicos

Sargento Zeyden e a soldado Camila: espírito de servir

O menino nasceu ali — entre paredes simples, lágrimas de medo e um silêncio breve que antecedeu o primeiro choro. O procedimento foi acompanhado por outras crianças, como revelam as fotos.

Com improviso e precisão, o sargento realizou a retirada da placenta e fez o grampeamento do cordão umbilical com um pregador de roupas, enquanto estancava o sangramento intenso da mãe. Em seguida, estabilizou o recém-nascido e acompanhou atentamente a parturiente até a chegada da equipe de resgate.

Pouco depois, bombeiros conduziram mãe e filho até a Maternidade Mãe Luzia onde foram estabilizados. O menino — ainda sem nome — passa bem.

Na ocorrência, não houve holofotes, sirenes heroicas ou medalhas. Apenas coragem, humanidade e o espírito de servir.

Seles Nafes
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