Invasão: “Nova Jerusalém” cresce às margens da Rodovia Norte-Sul

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A invasão às margens da Rodovia Norte-Sul tem apenas dois meses, possui mais de 450 famílias e já tem até nome: Nova Jerusalém. A Secretaria de Transportes do Amapá registrou um boletim de ocorrência na polícia por que a área invadida é destinada à construção de órgãos públicos.

Muitas famílias que ocupam a área, que foi transferida ao Governo do Estado pela Infraero para a construção da Rodovia Norte-Sul, dizem que já se cadastraram nos programas habitacionais do governo federal, mas nunca foram contemplados.

Moradores já furaram poços. Fotos: André Silva

Moradores já furaram poços. Fotos: André Silva

 

Por enquanto, as moradias são apenas barracos, mas já tem morador pensando em comprar tijolos e levantar a alvenaria. Muitos já furaram poços e há muitas crianças. 

“Várias pessoas aqui tem o nome na lista daquelas casas que o governo promete dar, mas nenhuma conseguiu. Tem pessoas que realmente precisam desses apartamentos e não ganharam. E meu amigo, com essa crise que o Brasil está não vai ter casa para ninguém. O povo não quer mais apartamento nenhum amigo, o povo quer casa. Eu tenho oito filhos e moro de favor, eu preciso de um lugar para morar”, disse Luiz Pereira Monteiro, 38 anos, pedreiro, um dos líderes da invasão.

De blusa cinza, Luiz Pereira Monteiro, um dos líderes da invasão: ninguém quer apartamento. "A gente quer casa"

De blusa cinza, Luiz Pereira Monteiro, um dos líderes da invasão: ninguém quer apartamento. “A gente quer casa”

A Secretaria de Transportes do Estado (Setrap), responsável pelas obras na área, informou que registrou um boletim de ocorrência na polícia e vai acionar os órgãos competentes para fazer a remoção das pessoas.

Quando estiver concluída (pela previsão do governo no ano que vem), a Rodovia Norte-Sul terá cerca de 6,5 quilômetros. As duas primeiras etapas estão prontas há mais de um ano, mas só no fim de 2014 a Secretaria da Aviação Civil repassou as terras para o governo. Segundo o secretário Odival Monterrozo, o local ocupado pelas famílias está reservado à construção de órgãos públicos estaduais e federais.

A área é destinada à construção de órgãos públicos

A área é destinada à construção de órgãos públicos

“Estamos reunindo os documentos necessários para entrar com o pedido de remoção das pessoas. Nós sabemos que esse tipo de processo pode demorar muito tempo, mas nós já temos exemplos de outras reintegrações de posse que acontecem pelo país. São invasões que duram até dez anos. A Setrap não tem poder de polícia, não podemos tirar ninguém”, disse.

 

Seles Nafes
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