ANDRÉ SILVA –
A Feira da Ana Nery ainda continua sendo o “lar” para 20 famílias que foram vítimas do incêndio que atingiu uma área de palafitas no Bairro Perpétuo Socorro, Zona Leste de Macapá, em outubro de 2013. São cerca de 80 pessoas vivendo condições sub-humanas.
Algumas famílias contam que moravam em casas alugadas pelo poder público, mas que devido ao atraso no pagamento dos aluguéis, tiveram que deixar os imóveis e voltar para ocupar os boxes da feira.
Na última sexta-feira, 11, algumas famílias chegaram a entrar no local da tragédia para tentar reconstruir suas casas, mas foram retiradas pela Guarda Municipal e Polícia Militar. Os moradores reclamam que os guardas municipais agiram usando a força contra duas mulheres e um policial militar teria chegado a atirar para cima.
“Quando donos de imóveis sabem que é um contrato de aluguel social, desistem de alugar. Eu já mudei de casa três vezes com meus filhos, inclusive um é deficiente. Na última casa que eu estava o aluguel atrasou por cinco meses e a dona mandou nós sairmos e voltamos pra cá”, contou Sadise Barbosa.
As pessoas que ocupam os boxes, entre elas crianças e idosos, usam dois banheiros que foram improvisados com pedaços de madeira sem nenhuma condição de higiene. Dona Antonia Bezerra, 99 anos, também mora em um dos boxes com a sobrinha. Segundo ela, agentes sociais do Estado estiveram no local e disseram que a levariam para um abrigo de idosos, mas a família não deixou.
“Eu tinha uma casa aí onde pegou fogo, e até hoje não tive mais paradeiro. Já me mudei sete vezes com a minha sobrinha e já fomos despejados várias vezes”, disse a idosa.
A Secretaria de Inclusão e Mobilização Social (Sims) informou que está concluindo um levantamento social na primeira parte do conjunto Macapaba que vai definir o número de apartamentos que ainda estão desocupados e que poderão ser ocupados por essas pessoas. Além disso, a segunda etapa do conjunto deve resolver de vez a vida dessas famílias.
“É um processo demorado. Infelizmente, nós precisamos primeiro concluir esse cadastramento que deveria ter sido feito pela gestão passada, mas não aconteceu”, explicou a secretária Maria de Nazaré Farias.
Quanto ao aluguel social, a secretária disse que algumas pessoas optaram por não usar o benefício e que os que estão atrasados serão colocados em dia, mas não soube dizer quando.