SELES NAFES
Moradores de comunidades ribeirinhas do município de Ferreira Gomes voltaram a registrar a mortandade de peixes no Rio Araguari, mas, desta vez, próximo da hidrelétrica Cachoeira Caldeirão, empreendimento que opera no vizinho município de Porto Grande.
É a primeira vez que isso ocorre com a Cachoeira Caldeirão. Em novembro, a Ferreira Gomes Energia foi multada pelo Instituto de Meio Ambiente do Amapá (Imap) em R$ 30 milhões pelos repetidos episódios de morte de peixes em larga escala. Na época ficou constatado que a operação inadequada das comportas estava matando os peixes por embolia causada pelo excesso de oxigênio na água.
A Associação de Atingidos por Barragens (Atinba) acredita que apesar de os peixes terem aparecido mortos no lado de Ferreira Gomes, o desastre foi causado pela Cachoeira Caldeirão, em Porto Grande.
“As comunidades de Terra Preta e São Tomé estão na área de Ferreira Gomes, mas ficam ao lado da hidrelétrica Cachoeira Caldeirão, bem no limite com Porto Grande. Os peixes estão aparecendo mortos do mesmo jeito que ocorreu em Ferreira Gomes, com os olhos saltados para fora”, descreveu o presidente da associação, Moroni Guimarães.
A Atinba está preparando um relatório com pedido de investigação para o Ministério Público e a Procuradoria da República.
“Isso continua ocorrendo por causa da impunidade. No último episódio, a Ferreira Gomes não quis nem assinar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com ninguém. Mandou que as famílias atingidas provem que estão tendo prejuízos e procurem seus direitos”, criticou.
Uma equipe do Instituto de Meio Ambiente do Amapá está desde o início da manhã desta terça-feira, 19, no local aonde apareceram os peixes mortos.
A Delegacia de Crimes Ambientais (Dema) da Polícia Civil solicitou aos moradores amostras congeladas de peixes. O delegado Sávio Pinto vai solicitar que sejam feitas análises em laboratório.