ANDRÉ SILVA
A Universidade Estadual do Amapá (Ueap) passa por sua pior crise. Técnicos e professores estão desde o dia 17 de março com as atividades paralisadas. Entre as pautas de reivindicação estão a ampliação do campus e a conclusão do plano de cargos, carreiras e remuneração dos técnicos. Mas o pior são os problemas financeiros. O repasse orçamentário de 2016, feito pelo governo do Estado, já está atrasado há quatro meses, acumulando um total de R$ 6,4 milhões.
O problema não é de agora. Segundo o reitor da instituição, Perseu Aparício, a Ueap já vem caminhando nesse cenário há anos. Ele explica que o orçamento anual da universidade é de R$ 18 milhões e que os repasses duodecimais são de R$ 1,6 milhões, mas não estariam sendo repassados em sua integralidade.
”A universidade passa por um momento financeiro difícil por que não vem recebendo os repasses em sua totalidade. A universidade tem a mesma estrutura de quando foi inaugurada há 8 anos, só que hoje são 12 cursos. Alugamos prédios, mas isso não tem suprido a necessidade”, informou o reitor.
“Nós já tivemos uma primeira reunião, onde a Secretaria de Planejamento do Estado (Seplan) explanou para nós a real situação, político e econômica do Estado, e disse que nós poderíamos começar um diálogo mostrando o nosso plano de ação da universidade, mas nós já temos esse plano e já apresentamos duas vezes no ano passado e já apresentamos ao Plano Pluri Anual”, acrescentou o reitor.
De acordo com ele, o último repasse do governo foi R$ 300 mil, o que obriga a Ueap a escolher o que irá pagar. O apoio financeiro que a universidade dá aos estudantes pode ficar comprometido, além dos programas de pesquisas e outros.
Os técnicos dizem que o plano de carreira já é uma reivindicação antiga, e que na greve do ano passado o governo ficou de concluir o plano e enviar à Assembléia Legislativa do Amapá (ALAP) para aprovação, o que não aconteceu.
Os servidores dizem que só voltarão ao trabalho depois que o plano for enviado à ALAP.
“Nosso salário é 50% menor do que o dos outros técnicos de nível superior contratados pelo governo. Desde o ano passado nós estamos tentando conversar com ele (governo) para saber por que o processo do nosso PCCR estava parado. Por isso nós resolvemos entrar em greve. Sabemos da situação do governo e nós não estamos pedindo aumento de salário, só o que queremos é que o plano seja enviado à ALAP”, enfatizou o presidente do Sindicato dos Técnicos Administrativos da Ueap, Francisco Gean. Apesar de serem técnicos administrativos, a categoria é formada por servidores de nível superior.
Os estudantes engrossam o caldo das reivindicações. Segundo eles, a estrutura da universidade não oferece as condições para um bom aprendizado. O líder do movimento estudantil, Fábio Luis, informou que os estudantes estão solidários e possuem suas próprias reivindicações.
”Nossa principal pauta é o não contingenciamento dos recursos da universidade. Ano passado eles teriam que repassar R$ 18 milhões e só passaram apenas R$ 4.711.364,43 milhões. A gente entende que isso compromete a questão da estrutura da universidade, salas para pesquisas, nossa biblioteca está defasada, auxílio estudantil e bolsas de pesquisa”, queixou-se o estudante.
Os problemas financeiros da Ueap têm afetado a limpeza e a conservação do campus. A empresa contratada não recebe há três meses.