“Naquele momento entrou o cidadão lesionado”, diz sargento agredido por estudante

O sargento Lucivaldo falou dos momentos que não foram gravados em vídeo, e diz acreditar que dificilmente o agressor terá recuperação
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SELES NAFES

Depois de 14 anos de serviços prestados para a segurança pública do Amapá, alguns deles na Rádio Patrulha e no Policiamento Escolar, o sargento Lucivaldo Thiago de Sousa, de 37 anos, nunca esperou passar por uma situação como a que ocorreu na última sexta-feira, 13, quando foi agredido por um aluno enfurecido em sala de aula.

De licença médica e com 8 pontos no rosto devido a um corte profundo provocado pelo soco, ele admite que por alguns segundos deixou de lado a técnica policial e reagiu como um simples cidadão. 
Em entrevista exclusiva ao Site SELESNAFES.COM nesta segunda-feira, 16, o sargento contou em detalhes o que ocorreu nos momentos anteriores e durante o vídeo filmado por uma aluna, e que causou manifestações de apoio e críticas nas redes sociais.

Soco produziu um corte que causou uma lesão muscular. Fotos: Seles Nafes

Soco produziu um corte que causou uma lesão muscular. Fotos: Seles Nafes

Segundo o sargento, os problemas com o estudante José Lucas Quaresma, de 20 anos, começaram no início da semana passada quando a direção da Escola Estadual Sebastiana Lenir, no Bairro do Buritizal, acionou a PM para retirar o aluno de sala de aula. 

O estudante tem no currículo queixas de assédio a uma professora, assédio a uma aluna, ameaças a funcionários e professores, além de outras situações de má conduta como, por exemplo, assistir aulas embriagado ou aparentando estar sob o efeito de drogas.

“Ele já tinha agredido alguns alunos, e a diretora pediu para eu tirá-lo da sala. Eu fui lá, conversei com ele, que fez pouco da gente, dizendo que não ia sair. Eu expliquei para a professora que estava complicado tirá-lo na condição de aluno, e aconselhei a interromper as aulas para que ele fosse embora. No dia seguinte ela poderia ver quais medidas poderia tomar”, lembrou o policial.

Na noite de sexta-feira, 13: "me senti péssimo"

Na noite de sexta-feira, 13: “me senti péssimo”

Quatro dias depois a diretora voltou a acionar o Policiamento Escolar de novo por causa de José Lucas. A direção informou que ele havia sido transferido compulsoriamente, contudo, se recusava a sair.

“No momento em que fui falar com ele, ele começou a mexer na mochila e mandei ele parar de mexer. Poderia ser uma arma branca. Ele obedeceu, e mandei ele se retirar porque não era mais aluno da escola. Ele se recusou. Informei que a decisão da direção havia sido tomada”, recorda.

Durante a discussão com o estudante, José Lucas teria pulado por cima de uma cadeira e desferido o soco que abriu um corte profundo no supercílio do sargento. O policial, que nunca havia sido agredido mesmo nos tempos de Rádio Patrulha, diz que sentiu o sangue descer, e reagiu para imobilizar, mas o estudante continuava fora de controle.

Foi a partir disso que o vídeo começou a ser gravado.

“Nesse momento entrou o cidadão lesionado. Meu sangue estava jorrando, e nesse momento esqueci um pouco da técnica policial, me senti péssimo. Sou profissional, sei como devo agir, já passei por outras situações de perigo, mas nunca fui agredido”.

“É difícil um infrator reagir para agredir. Geralmente reage para fugir”, comentou.

O sargento Lucivaldo está afastado por uma licença médica. Acostumado a dar palestras em escolas sobre a violência e as drogas, ele desabafa e não vê como José Lucas poderia se recuperar.

“Esse rapaz não tem nenhum limite. Não tem como viver em sociedade. Se ele agride um policial, o que ele poderá fazer com outra pessoa?”, questiona.

Sargento pretende continua atuando nas escolas

Sargento de 37 anos pretende continuar atuando nas escolas

No fim de semana, a Escola Sebastiana Lenir divulgou uma nota onde manifesta solidariedade ao policial.

O comando da Polícia Militar do Amapá informou que instaurou procedimento para apurar se houve excesso por parte do sargento, que é considerado pela instituição um dos melhores palestrantes da PM no trabalho com estudantes.

O sargento, que é casado e tem um filho de apenas 6 anos, disse que pretende continuar no Policiamento Escolar, ajudando estudantes e professores e viver em harmonia.

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