Depois de mostrar sua coleção com mais de 2 mil chaveiros em março, o policial civil Nelson Julião do Carmo não para de surpreender. Se ele abrisse uma loja para expor e vender todas as preciosidades que guarda, com certeza ganharia bastante dinheiro. Além dos chaveiros, seu Nelson tem coleções de discos de vinil (mais de 600) e de chapéus (cerca de 500). É claro que a maioria das peças remete a momentos importantes da história recente do país e do Amapá
Ao contrário do que ocorreu com os chaveiros, as outras duas coleções foram ocasionais, mas principalmente realizadas pelo hábito de guardar objetos interessantes. Ao longo dos anos ele foi ganhando e guardando. De repente, lá estavam as coleções.
Os discos foram comprados quando a moeda era o Cruzeiro, ainda na adolescência. O gosto pela música é variado. “Eu ouço de tudo um pouco, tenho discos do Roberto Carlos, Demônios da Garoa, Polegar, Xuxa, Cindy Lauper, Sarah Vaughan, Amadeu Cavalcante e Sambas de Enredo. Às vezes eu comprava o disco só por causa de uma música. Outros ganhei da minha esposa, como é o caso desse Love Me, eu ouvi muito com ela esse vinil”, contou.
A coleção de jazz tem história. “Uma vez um amigo me visitou e disse que comprava minha coleção, ele ficou doido. Me ofereceu só na coleção de jazz R$ 1 mil, mas eu não vendi e não vendo. Tem um valor sentimental”, afirmou o policial/colecionador.
Para ele, a música amapaense tem uma magia que toca a alma. “Quando vim morar no estado conheci a música amapaense e me apaixonei. A sonoridade e as letras que exaltam o Norte encantam. Logo que cheguei comprei esses discos do Amadeu Cavalcante e da Banda Setentrionais. Esses são relíquias”, gabou-se.
Existem discos na sua coleção ainda mais antigos. O LP dos Incríveis é da década de 1970 e foi comprado em Belém. E toda vez que tem alguma festa na casa de seu Nelson , Os Incríveis estão no repertório musical.
Noveleiro assumido, ele também possui discos de trilhas sonoras de novelas das décadas de 1970 e 1980. “Eu gosto de novela, assisto muito. A maioria dessas novelas de hoje é versão nova de outras como essa que vai começar agora Pedacinho de Chão, isso é muito antigo. Os discos que mais gosto são das novelas Vale Tudo e Roda de Fogo, olha o Tarciso Meira e o Antonio Fagundes como ainda eram novinhos…”, aponta rindo.
Um vinil que causou polêmica foi da novela Brega e Chique. “Isso causou um alvoroço na época. Ninguém nunca tinha feito isso, tinha acabado a ditadura mais ainda havia um medo no ar. Quando saiu esse homem (nu) na abertura da novela foi aquele comentário, assim que saiu o vinil eu comprei. Amava a novela e tinha que ter o disco”.
Quando seu Nelson se mudou para Macapá, em 1980, conheceu a esposa. Na época, ele ganhou um vinil dela. “Esse Emoções ela que me deu. Pra você ver, nos éramos amigos ainda, acho que tinha segundas intenções nesse presente. Como ela trabalhava em uma discoteca, alguns discos ela me levava e depois, quando namorávamos, ouvíamos juntos. Ao contrário da coleção de chaveiros, ela adora os discos, ama música assim como eu”.
Homem de muitos estilos, ele possui discos de Sambas de Enredos das escolas de samba do Rio de Janeiro. Alguns são do período entre 1976 e 1983. Seu Nelson diz lamentar a criação do CD. “Eu comprei vinil até 1994, depois disso veio o CD é acabou com tudo. Uma pena. Se ainda encontrasse em algum lugar eu compraria”, disse o policial que possui uma coleção de mais de 600 discos de vinil.
Coleção de Chapéus
A coleção de chapéus começou também na adolescência, mas foi sem querer ele conta. “Eu fui ganhando chapéu e bonés. Quando percebi já tinha virado coleção. Foi assim sem querer mesmo. Com o tempo fui querendo sempre mais e hoje separo os que ainda uso e os que não uso mais”.
A paixão por colecionar é assustadora, afirma seu Nelson, que às vezes se surpreende com a quantidade de coisas que guarda. “Quando eu vejo tudo fico pensando se acham que sou maluco por coisas antigas. Não é isso, pra mim é um hobby guardar o que eu ganho. Amo esse com o meu nome, ganhei da minha mulher logo que casamos”.
Segundo ele a coleção de chapéus passa de 500 unidades. Muitos são de políticos, mas há também de blocos carnavalescos como o Mancha Negra, de bancos como o Panamericano (RJ), e da extinta Sevel (antiga concessionária da Chevrolet).
A quantidade de chapéus seria bem maior se seu Nelson já não tivesse doado grande parte deles. “Tinha muitos, um dia um menino ficou encantado pela coleção e dei uns 300 pra ele. A minha coleção de discos acho que minha filha vai acabar vendendo quando morrer porque ela diz que tenho dinheiro em baixo de casa e não quero gastar. Não vendo ou troco, já me ofereceram muito dinheiro, mas eu amo colecionar os dois e nenhum dinheiro paga a felicidade que tenho com eles”, disse orgulhoso.