SELES NAFES
O comerciante Domingos Júnior confirmou ao site SELESNAFES.COM na tarde desta quinta-feira, 30, a versão de que foi assaltado por dois policiais militares fardados na última terça-feira, 28, no Bairro Central do município de Santana, a 17 quilômetros de Macapá. Ele contou em detalhes os momentos que se seguiram após o roubo, e fez suposições sobre o desaparecimento do dinheiro e do notebook roubados, que teria ocorrido durante alguns minutos em que teria perdido os policiais de vista.
O comerciante trabalha há 6 anos com uma amassadeira de açaí e admite que mantem um site apostas onde, segundo ele, gosta de se divertir com amigos que se reúnem para acompanhar partidas de futebol pela televisão.
Por volta das 16h da terça-feira, segundo ele, os dois policiais militares chegaram pedindo dinheiro e equipamentos eletrônicos. Em seguida, eles teriam entrado num Fiat Uno preto de placas NER-7736.
O vídeo segurança de uma casa contradiz a versão dos policiais que afirmam que não estavam em Santana nesse dia e horário. Nas imagens é possível ver um Fiat Uno preto trafegando pela Rua Adálvaro Cavalcante e fazendo a conversão para a Avenida das Nações, no Centro, no mesmo horário do roubo. Um cabo da PM também foi arrolado como testemunha por afirmar que viu os policiais no local.
Depois do assalto, o comerciante conta que foi avisado pelo funcionário que deu a descrição e as placas do carro dos PMs. Domingos afirma que, junto com o funcionário, visualizou o veículo quando ele já trafegava pela Rodovia Duca Serra no sentido para Macapá.
Ele ligou para o Batalhão de Policiamento Rodoviário Estadual (BPRE), mas, depois que o veículo passou pela sede do batalhão, resolveu telefonar para o Ciodes (190) que acionou o Batalhão de Rádio Patrulhamento Motorizado (BRPM).
O comerciante conta que continuou acompanhando o veículo. No Bairro Santa Rita, ele viu o veículo encostar próximo de uma área de pontes, no fim da Avenida Antônio Coelho de Carvalho, próximo da sede administrativa da Eletronorte. Por alguns momentos ele perdeu o veículo de vista.
“Fiquei receoso porque o carro deles dobrou na Antônio Coelho de Carvalho e vi que tinha uma ladeira onde o carro sumiu. Dei a volta no quarteirão sempre falando com a polícia ao telefone. Perto do cemitério eu encostei numa viatura da PM e informei que eu era a vítima no telefone”, diz o comerciante.
Depois disso, o comerciante diz que seguiu com a viatura do BRPM até o local onde o carro havia desaparecido. Lá eles encontraram um dos policiais na rua, o tenente do 1º Batalhão Azarias, informando que estava ali porque tinha ido ver o carro dele que estaria em uma oficina para reforma. A versão teria sido desmentida pelo dono da oficina.
“Meu funcionário que tava comigo reconheceu imediatamente o tenente. O Uno já estava dentro da garagem de uma casa. Uma senhora atendeu e disse que o carro pertencia ao genro dela, mas ela disse que o veículo estava estacionado desde a manhã. Foi aí que um policial colocou a mão no capô do carro e percebeu que ele estava muito quente”, lembra o comerciante. “Foi quando apareceu o sargento (Adervan) sem a farda, só de short”, acrescentou.
O sargento Adervan e o tenente Azarias, que são irmãos, receberam voz de prisão de um capitão e foram conduzidos para a corregedoria da Polícia Militar. Os dois policiais continuam presos no comando geral da PM. Os objetos roubados e os R$ 700 não foram encontrados.
Domingos Júnior diz que não vem recebendo ameaças, mas avisa que vai pedir proteção da Justiça. Por enquanto, o que mais tem incomodado, além do prejuízo e do transtorno, são os rumores que circulam pela cidade de Santana de que ele seria agiota e teria uma banca de ‘jogo do bicho’.
“Não é nada disso. Estão dizendo um monte de coisas a meu respeito e meu negócio é açaí”, conclui.