CÁSSIA LIMA
Na semana em que comemoramos o Dia dos Pais, o vigilante Rafael Lacerda Viana, de 31 anos, não consegue parar de sorrir, afinal, depois de três décadas, ele teve notícias do pai que nunca viu. O pequeno problema é que o vigilante está desempregado, e não tem condições de ir até o encontro dele.
A história de pai e filho parece roteiro de novela, de tantas reviravoltas. Rafael procurou o site SELENAFES.COM no dia 9 de janeiro desse ano, tentando encontrar o pai que nunca conheceu e que sua mãe nunca quis falar. Apesar de ter muitas esperanças, ele recebeu com surpresa uma informação sobre o genitor.
“A matéria teve muitos compartilhamentos, principalmente entre meus familiares. Uma tia minha compartilhou em Belém e um amigo dela marcou meu pai na publicação”, contou nervoso Rafael.
Por meses, Rafael não obteve nenhuma resposta até que no último sábado,6, recebeu o número de telefone do pai, que até então só sabia o nome, Fernando Alberto Conceição Viana. Hoje ele sabe que o pai mora no Bairro do Guamá, em Belém, tem 59 anos, quatro filhos e quatro netos.
“Ele ficou pensando por vários dias em ligar. Tinha medo do pai não lembrar dele, de não querer falar e muitas outras coisas. Por causa de tudo isso, ele mandou uma mensagem para o número e a resposta demorou”, contou a esposa de Rafael, Danielle Lacerda, de 31 anos.
“Eu escrevi na mensagem dizendo que eu era filho dele e queria muito conhecê-lo. Como ele demorou para responder, pensei que tivesse matado o velho do coração”, conta sorrindo Rafael, mas não nega que ficou aflito com a situação.
Hoje eles conversam bastante pelo aplicativo WhatsApp, mas o encontro esperado não tem data para acontecer. Apesar da pouca distância que separa os dois, Rafael e a esposa estão desempregados e sem condições de comprar as passagens para o estado vizinho.
O pai do vigilante, seu Francisco, também enfrenta problemas financeiros e não pode viajar. Ele explicou por telefone que, devido ao trabalho, não pôde ficar em Macapá para criar o filho, mas tentou entrar em contato. A mãe de Rafael, no entanto, não usava mais o mesmo número, e os dois perderam o contato durante todos esses anos. O mais interessante é que o pai guarda fotos do filho ainda bebê.
“Ele [Francisco] mandou fotos do Rafael bebê, da mãe dele grávida e do pouco tempo que passou aqui e reconheceu o filho ainda recém-nascido. Eles, mesmo por telefone, se emocionaram muito, e eu também”, contou Danielle.
Rafael, a esposa e a filha moram em uma casa alugada no Bairro Renascer 2, na Zona Norte. Eles são vigilantes, mas estão desempregados há seis meses. Estão sobrevivendo com o finzinho do FGTS e com a ajuda de amigos e parentes.
Hoje, a alegria de encontrar o pai agora se mistura com a angustia de vê-lo, por isso, Rafael está pedindo ajuda para comprar as passagens nem que seja de barco para conhecer o pai.
“Agora, isso é o que eu mais quero na vida. Semana passada disse pra minha mulher que devíamos tirar o dinheiro do aluguel e comprar a passagem. Ela me apoiou, mas depois pensamos na nossa filha e em como pagaríamos a conta. Desistimos”, contou o vigilante.
Se por um lado o vigilante tem motivos de sobra para sorrir, por outro ele tenta dialogar com a mãe. Ela nuca quis que o filho procurasse o pai. Desde a reportagem de janeiro a situação entre mãe e filho ficou abalada, e depois de descobrir o paradeiro do pai, Rafael ainda não contou nada para ela.
“Ela ficou muito zangada comigo da última vez. Disse que ele [o pai] tinha nos abandonado, mas eu falei com ele e não foi bem assim. Sei que ela irá se chatear por eu tentar ir até ele, mas é meu direito. Eu não sei o que vou dizer na hora, mas quero ver ele”.
Rafael e a esposa pedem ajuda para comprar as passagens. O número de contato do casal é o (96) 99170-6383.