ANDRÉ SILVA
Um artista plástico amapaense usa elementos surrealistas e futuristas em seus quadros. Ivam Amanajás mistura o humano e a máquina, criando um estranhamento fascinante em cada tela. Ele já teve seus trabalhos expostos em várias partes do país, como Rio de janeiro, Fortaleza, São Paulo e Belo Horizonte. No dia 28, estará expondo seu trabalho no Teatro das Bacabeiras.
Desde os 13 anos de idade, Ivan descobriu que a pintura era o que queria fazer pelo resto da vida. O artista, de 60 anos, diz que já passou por várias profissões: professor, vendedor, instrutor de karatê, marreteiro, camelô, poeta e músico. Mas foi desenhando as peças de cozinha da mãe que ele se descobriu.
“Meus pais sempre foram chamados na escola pelos professores que diziam a eles que eu só queria saber de desenhar, e estudar nada. Eu desenhava copo, xícara, prato, os utensílios domésticos da minha mãe. Foi então que eles entenderam que eu realmente gostava disso”, lembra.
A primeira exposição foi coletiva, resultado de uma oficina de pintura realizado no Ginásio de Macapá (GM). A inscrição, ele conta, foi facilitada por um amigo do pai dele que também era instrutor do curso, o artista plástico já consagrado, R Peixe.
Estilo
“Meu trabalho é muito surreal. Mas, eu o vejo como um realismo fantástico. Hoje, nós somos muito dependente de celular, computador. Usamos próteses marca-passo, enfim, estamos nos mecanizando. No futuro vai ser isso! Estamos perdendo nosso planeta. Estamos perdendo nosso natural para a artificialidade”, justifica o artista.
Ele analisa seu estilo como um olhar no futuro e define seu estilo como eclético. Conta que desenvolveu a capacidade de pintar em todas as escolas, desde o classicismos às escolas contemporânea, mas, o que o deixa mais feliz é pintar paisagismo – justifica isso ao fato de ter estado em várias partes do interior do estado, e o abstrato.
“Quando estou pintando o abstrato é quando me sinto liberto. Tenho muitas ideias relacionadas ao futuro. Gosto muito da mecanização, sou fascinado pelas engrenagens, pelas peças, pelas lubrificações, sou fascinado pela engenharia humana e uso tudo isso no meu trabalho que também chamo de realismo fantástico”, conta o artista.
Ele já tem obras espalhadas por várias partes do país e conta que não pinta para vender.
“A venda é uma consequência daquilo que faço”, diz.
Ivam Amanajás já levou até seis meses para terminar um quadro.
“Cada pintura é uma parto”, confessa.
“Hoje você trabalha em uma tela e acha legal. No outro dia, tu dá de cara com a tela e diz que não quer nada daquilo e muda tudo. No outro dia você volta e diz: caramba não era para ter feito isso! E refaz tudo de novo. É uma briga. Pintar é um habito muito solitário, diferente de uma música onde se usa outros componentes para compor, a pintura é um ato solitário”, disse o artista.
Em exposição
Uma exposição do dia 28 de outubro (sexta-feira) até 5 de novembro vai reunir 23 peças do artista no Teatro das Bacabeiras.
A próxima mostra, dessa vez coletiva, será no dia 10, no Amapá Garden Shoping, onde mais dez artista também farão parte. Será a “Revoada das Cores”, promovida pela galeria virtual Arte Amazon.