“Para o nortista, brega é cantar de amor”, diz Wanderley Andrade

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CÁSSIA LIMA

Depois de um tempo, o ícone Wanderley Andrade retorna à Macapá na noite desta sexta-feira, 18, e promete um show único com a cantora Taty Taylor. A apresentação é numa casa de eventos no Centro da cidade.

José Wanderley Andrade Lopes, de 52 anos, é conhecido pelo jeito irreverente de se vestir e o alto astral. Nascido no município de Almerim, no estado do Pará, o cantor é de uma família com cinco irmãos e tem 6 filhos.

Irreverência é marca na carreira do cantor. Fotos: arquivo pessoal

Irreverência é marca na carreira do cantor. Fotos: arquivo pessoal

A vida como músico começou aos 14 anos. Ao longo de 25 anos de carreira, coleciona sucessos como “Traficante do Amor”, “Morena Sereia”, “Detento Apaixonado”, “Mas Credo” e “Amor Sem Fim”. O artista possui agenda com 15 shows por ano no exterior. Ele conversou com o portal SELESNAFES.COM para falar da vida e do show em Macapá.

O que marcou a tua infância?

Ah, aos 9 anos de idade meu pai me ensinou que o trabalho é o fator primordial do seu sucesso. E aos 12 anos eu já carregava um paneiro de castanha para vender. Mas eu lembro bem que o que me marcou foi meu pai mostrar pra mim que eu teria que vender 30 latas de castanhas no período de seis meses pra que eu pudesse ter meu próprio dinheiro. Eu ia vender com ele e isso me marcou.

E como foi a tua adolescência?

Ah, eu morei com os meus avós depois dos 12 anos até os 16. E foi com eles que eu tive esse contato com a música. O seu José Bezerra de Andrada era violonista e eu, apesar de não ter convivido muito com ele, achava fascinante a música. Amava os ritmos latinos, mas sempre tive como referência a música americana. Eu comecei a cantar aos 14 anos e estudei, mas não fiz curso superior e aos 16 anos tive meu primeiro casamento. Eu gostava muito de inglês e fui cúpido de um casal, ele brasileiro e ela americana. Ele me ensinou a pronúncia e eu adorei aquilo e comecei a cantar em inglês em festas.

Turnê internacional de Wanderley Andrade passou por países da América do Sul, como a Venezuela

Turnê internacional de Wanderley Andrade passou por países da América do Sul, como a Venezuela

Esse início de carreira foi difícil?

Foi fluindo naturalmente. E como eu tinha essa influência do americano muito forte eu me inspirei no figurino deles pra criar o meu. Especialmente Michael Jackson, Creedence, Frank Sinatra e no Brasil foi o Reginaldo Rossi e o Raul Seixas.

Qual tua avaliação desses 25 anos de carreira?

Tenho 15 CD’s lançados, 5 DVD’s e uma carreira abençoada por Deus e pelos amigos que fiz nessa estrada. O futuro a Deus pertence. Eu tô trabalhando com o DVD dos 25 anos de carreira chamado “Onde é o Show” e nele eu procuro fazer um mix dos meus grandes sucessos, minhas influências. O meu trabalho é um estado de espírito e eu procuro passar isso na minha carreira.

Artista tem mais de 25 anos de carreira

Artista tem 25 anos de carreira e 15 álbuns

Você que já conheceu 14 países, o que falta na música amazônica?

Eu vou te responder usando uma expressão do Raul Seixas que diz “o sonho que se sonha só e simplesmente um sonho que se sonha só. O sonho que se sonha junto é realidade”. Eu acho que nós já demos um salto bastante elevado no nosso som do Norte. O dito brega é um exemplo disso. Pra gente do Norte, brega é cantar de amor. Mas o amor hoje é uma regra. Por exemplo, a Marília Mendonça. Ela canta brega no sertanejo, e isso é o amor na música. Isso é muito bonito. Acho que a gente tem que assumir nossas paixões e cantar elas ao mundo. Você não pode ignorar isso, tem que assumir mesmo.

Nesses 25 anos de estrada, conte uma situação que te marcou.

Ah, muitas pessoas já entraram em contato comigo para fazer serenata para a esposa ou o marido. Isso é comum. Mas tem uma situação que me marcou em 2006, quando eu fui fazer uma turnê no Japão. E eu estava num clube lá, e o engraçado que o palco era distante. O público era basicamente de brasileiros com saudade da terra. E uma brasileira nascida no Japão subiu no palco pra cantar minha música. Cara, ela cantou em japonês e aquilo foi simplesmente “foda”. Naquele momento eu me senti realizado e aquilo me marcou.

Relação de carinho com o público. Sem experiências traumáticas

Relação de carinho com o público. Sem experiências traumáticas

Tem alguma lembrança ruim desses anos de carreira?

Não tenho. Graças a Deus eu fui e sou muito abençoado nesses anos de estrada. Eu sempre digo que em cada dificuldade a gente encontra uma oportunidade. Não sei quem disse isso, mas eu gosto. Eu lembro que uma vez eu fiquei 11 horas na porta de uma rádio no Espírito Santo porque o dono não queria me escutar. Eu insisti e fiquei lá dizendo que ele teria que me ouvir. Eu fiquei lá até me atenderem, hoje o cara é meu amigo, toca minha música e ama meu trabalho. Na música a gente tem que insistir e que Deus seja louvado por isso.

Eu já abri mão de muita coisa pela música, inclusive de relacionamentos. Hoje eu vejo que depois de Deus, tem minha família e minha música.

O que o público pode esperar do show de logo mais?

Ah, pode esperar muita loucura, sensações e alegrias. Quem for não vai se decepcionar e vai ouvir brega, rock e muita música boa. Principalmente porque a linda da Taty Talor vai estar comigo. Ela é animação pura e canta pra “caramba”. Essas coisas maravilhosas que estarão no show.

Ingressos para o show estão ao preço de R$ 30 (individual), R$ 200 (mesa) e R$ 700 (camarote). Os postos de venda são nas lojas Underground Story (Villa Nova Shopping), Reúublica Trend-Macapá Shopping e Sorveteria Jesus de Nazaré.

Foto destaque: Cássia Lima

Seles Nafes
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