Cerca de 30 famílias vítimas do incêndio que ocorreu no bairro Perpétuo Socorro em outubro do ano passado fizeram um protesto na manhã desta terça-feira, 10, na Avenida FAB esquina com a Rua Leopoldo Machado, no centro de Macapá. O principal alvo das reclamações é o atraso do aluguel social que é responsabilidade da Secretaria de Mobilização e Inclusão Social (SIMS). Essas famílias também cobram a isenção do pagamento das prestações dos apartamentos que vão receber no conjunto Macapaba, ou seja, querem receber a moradia sem pagar nada. Além disso, querem receber o auxilio de R$ 3 mil prometidos pelo governo do estado.
O sinistro aconteceu no fim de tarde do dia 23 de outubro do ano passado no Bairro Perpetuo Socorro, Zona Leste de Macapá e desabrigou 397 famílias. Na época a polícia conseguiu descobrir que três usuários de drogas provocaram o incêndio, que começou em um colchão e depois se alastrou até atingir três quarteirões. A maioria das famílias perdeu todos os bens. Algumas pessoas ficaram apenas com a roupa do corpo.
Atualmente 100 famílias atingidas residem em casas no conjunto habitacional Mestre Oscar Santos, doadas pela Prefeitura de Macapá. Outras 100 moram em casas alugadas pagas pelo Estado e as demais em casas de parentes ou pagando aluguel do próprio bolso. “O governo prometeu o auxilio de R$ 3 mil, mas até hoje essa promessa não foi cumprida. O aluguel social continua atrasado. Outra promessa foram casas do conjunto Macapaba que não sabemos quando vão ficar prontas. Queremos moradia digna o mais rápido possível para essas famílias”, disse o missionário evangélico, Flávio Marcelo da Silva Barreiros, que dava apoio ao movimento.
Durante a manifestação, a dona de casa Audiléia Valadares e filho dela foram atropelados por um carro. A mulher teve um ferimento na perna sem gravidade e a criança nada sofreu. Apesar do incidente ela continuou na manifestação. “O governador fala que essas casas foram doadas. Eu fui contemplada com uma casa, mas tenho que pagar R$ 75 por mês. Eu não tenho condições de pagar. Nós perdemos tudo no incêndio. Eu estou tão revoltada que nem senti a dor do acidente”.
Raimunda Saraiva das Neves, de 57 anos, mora em uma casa alugada próximo ao conjunto Mestre Oscar Santos. A aposentada conta que está passando muitas dificuldades. “Eu quero uma casa pra morar. Vivo com uma aposentadoria de R$ 500 e ainda tenho que tirar para pagar o aluguel, já que o aluguel social não é pago há meses”, reclama.
Os manifestantes contam que receberam a informação de que o dinheiro do aluguel social está no banco, mas não pode ser sacado porque a Secretaria de Finanças tem que autorizar. “Se não formos atendidos vamos levar o movimento para frente do Palácio do Setentrião”, ameaça Maria das Neves.