ANDRÉ SILVA
O advogado Andrey Pinheiro (foto em destaque), que defende os irmãos Iran e Charles Brito, donos de uma clínica de reabilitação investigada por tortura, contesta as acusações do Ministério Público do Amapá e diz que provará que não passam de denúncias infundadas. A clínica está fechada, e os donos pretendem passar a administração do local a outras pessoas até que o processo seja concluído.
O centro já funciona há dois anos no Bairro Brasil Novo, zona norte de Macapá, na recuperação de dependentes químicos. Na última sexta-feira, 10, o MP e a Polícia Civil cumpriram mandado de busca e apreensão no local onde foram encontrados objetos que seriam usados na tortura dos pacientes.
Os internos estão confirmando as denúncias em depoimentos na Polícia Civil, e o exame de corpo de delito deu positivo em vários deles.
O advogado Andrey Pinheiro argumenta que ainda não teve acesso ao inquérito, por isso não sabe ao certo de que os clientes estão sendo acusados.
“O que estou sabendo é só o que tem sido ventilado na imprensa”, critica o advogado.
Ele disse que não entende porque os proprietários foram acusados de praticar tais atos, mas não soube explicar quais eram os métodos usados por eles para conter pacientes em crise, e nem explicou o fato de haver algemas no local. Só se reservou a dizer que todos os meios usados para a contenção são regidos por lei federal.
“Eles estão sendo acusados por tortura, mas a defesa vai deixar bem claro que não existe nenhuma prova cabal de que elas tenham acontecido”, reforçou o advogado.
Quanto às algemas, ele disse que elas terão que ser periciadas para saber se realmente eram utilizadas na clínica.
Ele chegou a citar que um de seus clientes, Iran Brito, tem uma deficiência física, o que tornaria impossível ele conseguir torturar alguém.
“Eles vão ter que provar”, desafiou o advogado.
A prisão
Para a defesa, a prisão foi desnecessária e será questionada assim que o inquérito ficar pronto, o que ele calcula que aconteça dentro de 30 dias.
“Foi de uma maneira atropelada porque eles são primários, têm residência fixa e trabalham no distrito da culpa, que são requisitos que têm que ser analisados e não o foram pelo juiz que fez a audiência de custódia. A resposta que fundamentou o pedido de habeas corpus, que foi positiva para a defesa, disse que faltou a fundamentação dos riscos e não viu abalo à ordem pública”, explicou o advogado.
Os dois irmãos foram libertados por ordem da justiça na última segunda-feira, 13.
Andrey Pinheiro informou que os proprietários se afastaram da clínica enquanto durar o processo. Todos os internos foram tirados do local no dia da ação do MP e levados para prestar depoimento.