CÁSSIA LIMA
Os microempreendedores que ocupam a área externa do Mercado Central não aguentam mais esperar a entrega da obra que está atrasada há 8 meses. Muitos sofrem com goteiras e até perda de eletrodomésticos.
Quem cuida da obra é a Secretaria Municipal de Obras (Semob). O trabalho no tradicional Mercado Central de Macapá iniciou em dezembro de 2015 e tinha previsão de entrega para junho de 2016 com um orçamento estipulado em R$ 2,6 milhões.
Porém, 8 meses depois do prazo previsto já foi gasto R$ 1 milhão com a área interna da obra e não há previsão de término. O motivo seria a não liberação de 50% dos recursos por parte do Programa Calha Norte, do Governo Federal.
“O Calha Norte tem muita demanda, a gente mandou a informação em tempo, mas ainda não foi analisada. E reiteramos o pedido. Hoje já temos as armações metálicas do lado de dentro e o piso está sendo colocado na obra, mas não podemos dar uma previsão”, frisou o subsecretario municipal de Obras e Infraestrutura Urbana, Antônio Ferreira Júnior.
A Semob diz estar fazendo de tudo para adiantar os trabalhos, mas os empreendedores do Mercado que hoje estão em tendas improvisadas pela prefeitura, não aguentam a demora.
Dona Lucia Ferreira, que dos 48 anos de tem dedicado 25 na venda de alimentos no Mercado reclama. Ela conta que desde que foi para a tenda esperando o término da obra já perdeu muita coisa.
“Já perdi meu freezer com queda de energia, meu micro-ondas já mandei consertar, mas está todo molhado. Tenho que cobrir as coisas para não perder mais nada. É uma tristeza”, reclama Lúcia.
É não é pessimismo. É que a tenda onde os empreendedores estão está cheia de buracos e as fortes chuvas da capital molham os espaços. Além disso, a fiação elétrica do local é instável.
“Já perdi micro-ondas e liquidificador. A gente cobre com plástico para tentar não perder as coisas. Mas essa lona tá toda furada. E se não bastasse as vendas estão fracas porque os clientes não querem comer na chuva”, ressaltou Lúcia Cardoso, de 46 anos, que trabalha no local.
Mesmo com todos os problemas e atrasos na obra e a precariedade do local, há quem insista e goste de ir ver o Mercado. Esse é o caso do Renato Barbosa, de 66 anos, que frequenta o espaço há 40 anos.
“Eu fico triste de ver esse descaso. Não temos muitos pontos turísticos em Macapá e os que temos estão fechados. Aqui precisava de reforma, mas não que demorasse tanto. É um desperdício nossa cultura ficar assim”, comentou Renato.