SELES NAFES
A vida não foi boa para José Afonso dos Anjos, de 64 anos, nem depois que ela acabou numa calçada na manhã desta terça-feira (25) no município de Santana. Depois de morrer vítima do alcoolismo, mal classificado como doença nos manuais médicos, o corpo só foi removido horas depois e a família ainda teve dificuldades para fazer o sepultamento por falta de dinheiro. O caso repercutiu intensamente nas redes sociais.
O idoso era alcoólatra, segundo o que moradores do Bairro Nova Brasília informaram à Polícia Militar. No início da manhã, por volta das 7h, ele passou mal, sentou-se e morreu encostado no muro de uma vila de apartamentos. O corpo só foi removido pela Polícia Técnica do Amapá (Politec) por volta das 11h.
Muito pobre, a família do idoso procurou o Centro de Referência em Assistência Social da prefeitura de Santana e descobriu que o município, no ano passado, não renovou o contrato e nem fez nova licitação para escolher funerárias para prestar o auxílio funeral, mesmo existindo recursos de um programa federal para isso.
“Para atender às pessoas menos favorecidas, nos meses de janeiro, fevereiro e março, a Semasc promoveu uma dispensa de licitação enquanto realiza certame licitatório na modalidade Pregão Presencial para atender à demanda até o final do ano”, diz uma nota divulgada durante a tarde.
A licitação, uma recomendação da Controladoria Geral da União, tem previsão para encerrar apenas no dia 10 de maio.
No caso de seu José Afonso dos Anjos o jeito foi improvisar. Os dirigentes do Cras fizeram uma coleta e levantaram R$ 500 que foram suficientes para um sepultamento humilde.
Até o dia 10 de maio só resta torcer para que mais nenhuma pessoa extremamente humilde “se encontre com o único mal irremediável”, frase do personagem Chicó, do Auto da Compadecida (Ariano Suassuna).
O personagem só não lembrou que existem outros males que podem muito bem ser remediados, como a falta de planejamento na gestão pública.