ANDRÉ SILVA
O radialista José Maria Caxias de Souza, de 51 anos, e com quase 35 de profissão, já foi censurado, viajou para 35 países e fez transmissão de 6 edições da Copa do Mundo. Ele se considera um abençoado e conta que o segredo do sucesso da profissão é tratar o ouvinte com respeito.
O profissional da imprensa, sempre sorridente e brincalhão, é amapaense puro sangue e começou a vida no rádio muito jovem. O período, ele descreve que era o mais difícil da história do país, a ditadura militar.
O primeiro emprego foi conquistado no aniversário de 15 anos quando começou na Rádio Difusora de Macapá, a convite de Benedito Andrade, considerado por Caxias grande comunicador da época.
Logo depois, foi para a Rádio Educadora de Macapá, que pertencia à Diocese onde muitos profissionais foram formados e que têm grande peso no cenário amapaense, como J. Ney, Nilson Montoril, João Silva, Vicente Rocha, Luiz Melo, entre outros. De lá, ele foi pra a Rádio Equatorial e em seguida para a 102 FM onde passou 25 anos. Há 8 anos apresenta o programa Tarumã Notícias, na Rádio Tarumã.
“Por meio do rádio eu conheci 36 países e fiz 6 copas. Acho que do Norte do país fui o único a fazer tantas”, falou.
As copas das quais o radialista se refere foram a dos Estados Unidos, França, Coréia, Alemanha, África do Sul e Brasil. Caxias disse ainda que está trabalhando em um projeto para ir para a copa da Rússia, em 2018.
Ele acredita que o rádio nunca vai acabar e isso se deve a pessoas como ele, que acostumaram a ter um aparelho ligado todas as manhãs seja em casa, indo para o trabalho dirigindo um carro ou indo de ônibus.
“É o maior veículo de comunicação de massa. O rádio nunca vai acabar. Você pode estar fazendo qualquer coisa em qualquer lugar e continuar ouvindo, diferente da TV que você precisa estar na frente”, analisa.
Censura
“Na época da ditadura você seria monitorado. Antes de entrar para fazer um programa, eles faziam um levantamento da sua vida”, lembrou.
Caxias recordou também que só 48 horas depois de enviar a programação para a Polícia Federal é que o programa era liberado. Disse que um dia tocou uma música interpretada por Elis Regina sem saber que ela havia sido censurada e foi chamado para prestar esclarecimentos.
“Pedi ao controlista que rodasse a música “O Bêbado e a Equilibrista”. Mandaram me chamar para saber por que eu rodei a música, se eu era contra o sistema. Disse que não tinha rodado por maldade e sim porque gostava da música”, contou.
Hoje Caxias se considera realizado e muito feliz com a experiência que acumulou em todos esses anos de profissão. Ele apresenta um programa na Rádio Tarumã de segunda a quinta-feira, às 17 horas.