Famílias tentam ocupar área atingida por incêndio no Perpétuo Socorro, mas são barradas pela PM

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No início desta terça-feira, 24, a área que foi atingida por um incêndio em outubro desse ano ganhou pequenas armações de madeira. Os barracos eram de famílias que diziam estar entre as que perderam suas casas no incêndio que destruiu 250 residências no bairro Perpétuo Socorro. A invasão só foi contida depois que a prefeitura acionou a Polícia Militar e a Defesa Civil.

Os invasores queriam chamar a atenção do poder público municipal para um suposto atraso do pagamento do aluguel social, o que estaria gerando despejos. Na semana passada, SelesNafes.Com mostrou que 20 famílias que alegavam terem sido despejadas estão morando em boxes da Feira da Ana Nery, no Perpétuo Socorro.

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Na ocasião, dona Sônia Maria Cordeiro, moradora de um dos quiosques, informou não saber o que fazer a respeito dos atrasos no aluguel social. “Até hoje (18 de dezembro) a Prefeitura não deu um sinal de como resolver nosso problema. Tenho uma filha doente e eu tenho um problema físico em minha perna. Eles (técnicos da prefeitura) alegaram que os deficientes teriam prioridade, mas nada, estou aqui sem nada, só temos comida porque os professores dos meus filhos fazem coletas para nos ajudar. Só Deus para nos ajudar mesmo. Não temos banheiro e a luz que temos aqui foi que nos mesmo instalamos”, relatou.

Apesar dos casos mostrados, a secretária municipal de Manutenção e Urbanística, Marta Barriga, acha que a invasão desta terça foi uma tentativa de fazer especulação imobiliária. Ela nega os atrasos. “Nós temos ciência de que o benefício foi repassado aos locatários, e que todos os atingidos estão com o pagamento de aluguel em dia. O que aconteceu hoje pela manhã foi apenas uma tentativa de especulação”, garante.

Em relação às famílias que estão na Feira da Ana Nery, a secretária assegurou que não se tratam das mesmas famílias que foram atingidas pelo incêndio. “Nós fizemos um novo levantamento e constatamos que todas as pessoas que tiveram perdas no incêndio estão recebendo o beneficio para pagar aluguel. O levantamento também destacou algumas fraudes. Pessoas que estão se passando por vítimas, essas devem ser indiciadas judicialmente” acrescentou Marta.

Fraudes

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Para investigar as suspeitas de fraudes, Secretaria Municipal de Assistência Social (Semast) montou uma comissão com alguns moradores da área atingida e conseguiu identificar pelo menos 50 famílias que estavam recebendo indevidamente a assistência social dos desabrigados.

A assessoria de comunicação da Semast divulgou que o próximo passo é montar uma auditoria, e chamar essas famílias para que possam comprovar que realmente tinham residências na área destruída pelo fogo. “Diariamente nos chegam denúncias de pessoas que não deviam estar recebendo aluguel social ou estarem inclusas em qualquer outro programa executado pela prefeitura. É um comprometimento nosso oferecer assistência a quem mais precisa. Quando uma pessoa se aproveita da emergência da situação, ela está tirando o direito de outra família mais necessitada” acrescentou.

Apesar de o primeiro levantamento ter detectado 50 famílias recebendo ilegalmente o benefício, é possível que essa quantidade na verdade seja ainda maior. “Agora essas famílias passarão por uma auditoria para que possam provar que realmente moravam na área atingida. Uma das formas será através das correspondências bancárias, como contas de água, luz e telefones, que podem ser readquiridos na internet”, explicou o secretário municipal de assistência e trabalho (Semast), Gilvano Moraes, como se todas as famílias tivessem serviço de energia e água encanada.

Quem estiver recebendo irregularmente o benefício responderá será processado criminalmente. Todas as provas serão encaminhadas para a Polícia Civil, que dará continuidade à comprovação das fraudes.

Projeto

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Em relação ao local atingido pelo incêndio, a Semduh afirmou que não há nenhum plano para a área, mas que um estudo está sendo realizado. “Por ser uma área alagada sabemos que não há condições do local receber moradias. Já estamos trabalhando junto à Caixa Econômica Federal e ao Ministério das Cidades para apontarmos um destino satisfatório para local” contou.

Uma dos possíveis projetos seria a criação de um lago contemplativo, mas isso será decidido em um referendo a ser realizado com a população do bairro. “Os estudos apontarão para uma saída viável para a área, porém precisamos saber se a população estará de acordo com o projeto. Eles podem preferir escolas ou creches”, concluiu.

Seles Nafes
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