Familiares e amigos de Júlio Natan de Souza, adolescente de 15 anos assassinado no dia 30 de novembro em frente a Casa do Artesão, realizaram um protesto em frente ao Fórum de Macapá exigindo que menor apontada como coautora do crime continua recolhida pela Fundação da Criança e do Adolescente (Fcria). Mas ao mesmo tempo a família admite que a própria legislação beneficia a menina.
Júlio Natan foi assassinado depois com uma perfuração no pescoço. Ele gostava de rock e tinha ido a um festival de bandas na Beira-Rio, onde se envolveu em uma discussão, sofreu agressões e correu a Casa do Artesão onde foi alcançado. Recentemente o delegado que investigou o caso concluiu que o motivo da morte foi uma ofensa no Facebook.
Uma das duas adolescentes apontadas como as assassinas foi encontrada uma semana depois e está prestes a ser liberada para aguardar o trâmite do processo em liberdade. Para a família de Natan, a Justiça está engessada, e não poderá manter a menor em detenção por muito tempo por causa da Lei n.º 8.069 /90 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O estatuto determina que o menor infrator só pode passar 45 dias em detenção. “Estamos recolhendo assinaturas para tentar mudar as normas contidas em nossas leis, pois 45 dias é pouco tempo para que uma investigação de homicídio seja concluída”, observou o consultor Umberto de Souza, pai do adolescente assassinado.
Umberto ainda guardas os detalhes do momento em que recebeu a notícia da morte do filho. Ele havia chegado de viagem e se preparava para encontrar os filhos para lanchar. “Eu estava me preparando para sair, estava tomando banho, esperando meu filho mais velho que estava no carro, quando um amigo de Natan me ligou e avisou o que tinha ocorrido”, recordou.
Naquela noite começou a busca incessante de Umberto pelas duas meninas suspeitas de terem cometido o crime. No dia 06 de dezembro, parte da busca foi encerrada após a apreensão de uma das suspeitas do crime. Ela confirmou em depoimento que havia discutido com Natan, mas negou participação no assassinato.
Após a apreensão da menor a família resolveu tentar novas formas de chegar ao paradeiro da segundo jovem acusada pelo crime. “Foi então que coloquei um anúncio nas redes sociais oferecendo R$ 1 mil para quem repassasse alguma pista do paradeiro dela. Recebemos várias ligações que ofereciam as pistas, mas nenhuma foi concreta”, lamentou.
Em uma das buscas, Umberto passou por uma situação inusitada em uma área de pontes, no município de Santana. “Me repassaram que estaria em uma casa em Santana. Segui a pista, e ao chegar no local me deparei com duas pessoas feridas que haviam sito esfaqueadas por um assaltante. Ajudei os dois levando-os ao hospital mais próximo. Foi quando descobri que ambos eram policiais e estavam atrás de um assaltante na área”, narrou Umberto.
A família diz que vai continuar a procura, e o pai da vítima diz que a menina está sendo escondida. “Os familiares estão ajudando a menor nessas constantes fugas. Mas continuaremos nas buscas até encontrar a suspeita. Só assim poderemos dar fim ao caso e entender o porquê de tanta brutalidade”, concluiu Umberto.
Uma das testemunhas do crime também estava no local da manifestação, mas preferiu não se expor alegando estar sofrendo ameaças. “Minha família já pensou até em me mandar para fora do Estado, mas o pai de Natan pediu para que ficasse e ajudasse nos depoimentos sobre o crime. Agora minha família prefere que eu fique no anonimato”, justificou o menor