Em pouco tempo, finalmente, o amapaense poderá usufruir da internet de alta velocidade. A fibra ótica que chegou com o Linhão de Tucuruí vai fazer com que as operadoras comecem a comercializar novos pacotes até o mês de março, mas a chegada dessa tecnologia pode significar também o surgimento de outro problema: o congestionamento.
O gerente regional da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Edward Aires, acredita que, neste caso, o bom também pode ser ruim. Hoje o Amapá utiliza uma rede de transferência de dados via rádio ou via satélite que pode proporcionar ruídos comunicacionais e interrupções na conexão por conta da ineficiência da rede para atender a quantidade de usuários que existem. “Mas com o aumento da velocidade os usuários ficarão muito mais dependentes da nova forma de transferência, e a usarão de tal forma que a fibra ótica pode se congestionar facilmente”, prevê ele.
O sinal de fibra ótica ainda não chegou, mas quando o primeiro cabo for ligado às operadores vão deixar de usar os outros meio de comunicação (satélite ou rádio) para as redes domésticas, e passarão a sobrecarregar a rede de fibra ótica. “Isso é uma coisa que os amapaenses não entendem, pois quando assistem uma matéria nacional escutam as pessoas reclamando da internet, mesmo pagando tão barato para ter 10 megas à sua disposição. Mas o que ainda não temos a dimensão é que a fibra ótica também pode trazer lentidão ao serviço”, avalia.
Além dos usuários que já existem hoje, a fibra ótica deve provocar o surgimento de novos clientes que antes não usavam tanto a rede justamente por conta da baixa velocidade. Logo as operadoras de celular, por exemplo, ofertarão mais velocidade e as pessoas passarão a se interligar mais via a internet da telefonia móvel. “E como todo o sistema, esse também chegará a um grande congestionamento e voltarão às reclamações. Se a fibra ótica fosse tão boa, não existiria uma CPI da Fibra ótica em 19 estados do Brasil, e os usuários que a usam há mais tempo, nos grandes centros metropolitanos, não reclamariam tanto do serviço ofertado”, compara Aires.
Mas essa não é uma visão drástica sobre o assunto. “Veja bem, não estou aqui defendendo que devemos permanecer usando as outras formas de telecomunicações e evitar a fibra ótica, mas não podemos pensar que só a fibra ótica irá resolver o problema, precisamos de investimentos nas outras especificações técnicas para que o serviço não se torne outro problema”, justifica.
Aires acredita que a implantação da fibra ótica vai trazer melhorias em uma peça chamada “Back Bonnie”, que é a espinha dorsal do serviço. Porém, no caso da telefonia móvel o serviço chega por meio do sinal de telefonia e mais investimentos precisam ser feitos nos equipamentos das torres de comunicação para que o serviço seja feito a contento. “É bem simples. Não adianta alargarmos uma estrada, se ela leva a várias bifurcações estreitas. Precisamos alargar todos os sistemas para que o trânsito flua sem problemas, e com esse novo sistema acontece isso. É preciso modernizar todos os equipamentos para que a chegada da fibra seja apenas o início dessa mudança”, concluiu.