Cerca de 10 mil pessoas acompanham reabertura do Zerão, algumas com motivos especiais para vibrar

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O sábado, 15, vai ficar marcado na memória do amapaense. Aproximadamente 10 mil pessoas estiveram na reabertura do Estádio Milton Correa, o Zerão, e depois de uma década voltaram a gritar “gol!” nos dois jogos que marcaram o retorno do Zerão. Um dia que foi marcado pela palavra “multiplicação”.

O estádio foi reinaugurado depois de 10 anos fechado e pelo menos cinco anos com as obras de reforma paralisadas. Os trabalhos foram retomados em 2011 pelo governo do Estado ao custo de R$ 17 milhões. O Zerão voltou a reunir torcedores, famílias inteiras e grupos de amigos torcedores. No meio da multidão, havia pessoas com histórias de superação, como a de Heitor Lemos da Conceição, de 75 anos, cadeirante desde os três anos de idade após ser atingido pela paralisia infantil. Por mais de 40 anos, ele foi zelador do Estádio Glicério de Sousa Marques.

Heitor Lemos da Conceição

Heitor Lemos da Conceição

A multiplicação que marcou a noite desse senhor, que conta com 80% da visão, foi o esforço dos amigos jornalistas que se desdobraram para levá-lo à cabine de imprensa na parte superior do estádio, local que não dá acesso a cadeirantes. “Para eu conseguir chegar aqui na cabine de imprensa, duas pessoas tiveram que me carregar um terceiro trouxe minha cadeira de rodas. Tudo com a ajuda do meu amigo Fran Tavares, que em todos os eventos me leva para os jogos, pois sabe o amor que tenho pelo futebol” contou ele, referindo-se ao jornalista que durante 25 anos foi a cara do esporte na TV Amapá.

E não foi a primeira festa de abertura do Zerão que presenciou. “Lembro que em 1990 tive a oportunidade de estar aqui, e me enche de orgulho poder voltar pra encontrar o local em pleno funcionamento, para poder sentir mais uma vez o vibrar das ondas do rádio”, descreveu.

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Mas de todos os momentos vividos no Zerão, um dos mais marcantes aconteceu nos anos 80 quando teve a oportunidade de ver um jogo do Vasco. “Esse com certeza foi o momento mais feliz que tive dentro do Zerão. Eu queria uma camisa autografada do Roberto Dinamite, mas não sabia como fazer para ganhar. Aí alguns amigos jornalistas já haviam preparado uma surpresa. No intervalo do primeiro tempo o Dinamite veio em minha direção e falou que me daria a camisa”, concluiu.

Heitor recebeu várias proposta para vender a camisa e multiplicar o pouco dinheiro que tinha. Porém resolveu multiplicar o seu amor pelo time e manter a camisa guardada em sua casa, usando-a apenas em ocasiões especiais.

Maicon Silva de Souza

Maicon Silva de Souza

A reinauguração do Zerão também proporcionou multiplicação de capital. Assim esperava o vendedor de batata frita, Maicon Silva de Souza, de 27 anos, que fez um investimento de R$ 400 em batata e já tinha conseguido faturar R$ 600 até o início do segundo jogo da noite. “As vendas foram muito boas. Já conseguir recuperar meu investimento e ter lucro, e ainda falta o segundo tempo do segundo jogo. Creio que possa conseguir ter o dobro, pelo menos”, calculou.

Maicon também tem lembranças do Zerão. Aos 13 anos começou a trabalhar com o pai. “Comecei a trabalhar muito cedo nos estádios vendendo batata frita, e tive a oportunidade de ver vários jogos, como a última vez que o Flamengo esteve no estádio para jogar pela Copa do Brasil”, lembrou.

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Outra multiplicação foi o placar dobrado que levou o Time Máster do Amapá a vencer a o time Mastér do Rio de Janeiro, por 2 X 1. Mas o placar que realmente expressou a multiplicação foram os 5 gols feitos pela Seleção Olímpica Brasileira em cima da Seleção Juvenil do Amapá. Com o destaque para o belo gol de Luciano Marba Jr., autor do único gol da seleção do Amapá. Um garoto de apenas de 17 anos que vem se destacando no futebol local, inclusive com expectativas de fazer testes no Internacional de Porto Alegre.

O retorno do Zerão marca a retomada do futebol amapaense e a multiplicação do entusiasmo dos torcedores, como afirma seu Caetano Pena da Silva, de 56 anos, torcedor do Ypiranga. “O retorno do Zerão é o marco da retomada do nosso futebol, que deve se profissionalizar ainda mais daqui pra frente”, ponderou.

Caetano Pena da Silva,

Caetano Pena da Silva (Camisa do Botafogo)

O próximo desafio no estádio acontece nesta quarta-feira, 19, momento em que o Santos do Amapá estará fazendo o segundo jogo contra o time Princesa do Solimões, de Manacapuru (AM). A partida acontece pela Copa Verde, nova competição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que dará uma vaga a um time do norte na Copa Sul-americana.

Seles Nafes
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