A corrida pelo Palácio do Setentrião já tem até agora 11 pretendentes. O mais novo é o empresário Luciano Marba (PMN). Polêmico, Marba é dono poderosa LMS, a empresa de vigilância que trava uma guerra judicial contra o governo há quase dois anos para se manter no contrato da Secretaria de Educação do Estado. O empresário fundou outras empresas, aposta no ramo imobiliário e investe pesado em grupos culturais, atletas, e no seu clube de futebol, o Santos, atual campeão amapaense de futebol.
Como todo mundo já sabe, Marba foi o estopim que originou as investigações da Operação Mãos Limpas, inquérito onde é arrolado como testemunha após denunciar um esquema de corrupção dentro da Secretaria de Educação para beneficiar outra empresa de vigilância. No ano passado, Marba ficou preso por um dia acusado de mandar matar o sócio. O inquérito foi concluído, mas ele foi considerado inocente pela polícia que indiciou três criminosos, todos presos no Iapen.
O episódio é considerado por ele uma armação para desorganizar suas empresas, já que muitos documentos contábeis foram apreendidos. No mês passado, Luciano Marba, que é ex-oficial do Exército e professor concursado do Estado, decidiu aceitar a indicação da direção nacional do partido para concorrer ao Setentrião. Abaixo, uma conversa sobre política.
O que lhe levou a aceitar a proposta do partido a ser candidato ao governo?
Após pensar bastante, nós decidimos junto com todos aqueles que nos cercam que, por tudo o que está acontecendo hoje no Amapá, a gente tem condições de tentar fazer alguma coisa de diferente. Essa é a nossa proposta: fazer alguma coisa para que o Amapá possa sair do estado em que ele se encontra.
O que você acha que resolveria o problema da Saúde, que é o calcanhar de Aquiles desse e de outros governos?
A gente já tem essa resposta, não só eu como toda a população: é diminuir a corrupção que se encontra dentro da Secretaria de Saúde. Todo dia a gente vê desvio de recurso público lá dentro. Entra secretário e sai secretário. Quando não sai preso, sai com a fama de que fez um péssimo trabalho para o estado. Temos que colocar lá pessoas competentes e que pensem um pouquinho na população. Acabar com a corrupção lá dentro eu acho muito difícil e não posso prometer isso porque seria utopia. Mas a gente consegue diminuir a níveis bem menores do que existe hoje.
As escolas atualmente não estão oferecendo merenda escolar porque os caixas escolares estão com as contas bloqueadas pela Justiça. Como resolver esse problema e construir novas escolas?
A gente vai voltar para a mesma resposta. Sou educador e professor concursado do estado. Sou bacharel em história e conheço a realidade das nossas escolas estaduais. Hoje a gente vê que não é difícil arrumar. É acabar com a corrupção. A gente vê notícias a toda hora sobre a Secretaria de Educação, sobre desvios de dinheiro público. Vem muita verba do Fundeb. Nas questões de caixa escolar, foi tudo má gestão. Eu ouvi um bordão de um candidato de governo que dizia assim: “Dinheiro tem. Só falta gestão.” E continua! Esse bordão está mais atual do que nunca. Dinheiro tem e muito. Falta gestão. E o que falta para os caixas escolares é gestão. Falta parar de colocar os seus apaziguados políticos e colocar técnicos que saibam pelo menos fazer uma prestação de contas. Às vezes uma simples prestação de contas acaba bloqueando os caixas escolares. Nós temos que colocar pessoas que estejam habilitadas pra fazer isso. A gente não vê técnicos nos caixas. A gente vê apaniguados políticos que simplesmente conseguiram meia dúzia de votos e estão lá no cargo. Já vi colocarem pessoas em cargos de orçamento e planejamento que não sabem ao menos ler. Então a gente não pode mais aceitar isso no Amapá.
O PMN vai coligar? O senhor está conversando outros partidos?
O PMN está aberto à conversa com todos os outros partidos. Vamos ter que escolher um vice que esteja alinhado com tudo o que a gente pensa. Mas se o PMN precisar sair sozinho, a gente vem sozinho. Não temos problemas quanto a isso porque a gente sabe que a população não vota na legenda, mas sim no candidato. Então hoje não teremos problema nenhum se tivermos que vir sozinho. Mas com certeza devemos ter algumas conversas e algumas articulações políticas, até porque a gente sabe que a gente precisa de tempo na TV e vários outros fatores.
Hoje, o PMN é um partido de oposição ou neutro em relação ao governo do estado?
O PMN hoje não tem um quadro de deputados. Ele é um partido pelo o Amapá. Ele conversa com qualquer outro partido e conversa com qualquer outro governo. Mas a presidência do PMN está saturada de ter feito vários acordos e de nada ter sido cumprido, inclusive com o atual governo.
A chapa vai vir com um vice ou com uma vice?
Eu acho que independentemente de ser homem ou mulher tem que ser uma pessoa que esteja alinhada com as nossas propostas, que não queira apenas se favorecer de um cargo político, porque quem me conhece sabe que eu não estou atrás de dinheiro porque não tenho necessidade disso. Eu tenho uma vida estabilizada. Então nós estamos precisando de um vice que queira fazer alguma coisa pelo Amapá. Hoje eu faço muito pelo Amapá sem ter cargo político e eu acho que eu posso fazer muito mais com a experiência administrativa que eu tenho.
Atualmente existem 11 pré-candidatos ao governo do estado, incluindo a sua candidatura. O que o senhor acha dessa quantidade de candidatos?
A gente sabe que isso vai diminuir muito, em que a maioria dos candidatos está tentando barganhar alguma coisa.
Se você pudesse escolher com quem ir para o segundo como Waldez, Lucas, Camilo, Aline Gurgel, Francisca Favacho….. qual seria a opção?
Hoje eu tenho certeza que muitos desses poderiam ir para o segundo turno, mas a gente sabe quais são aqueles que são mais bem cotados. Eu não tenho dúvidas de que hoje seria com o atual governador, Camilo Capiberibe, que é quem tem a maior rejeição do povo do Amapá. Acho que seria bem mais fácil porque ninguém aguenta mais a situação que o estado se encontra.
Você pretende abandonar suas atividades empresariais?
A gente não precisa abandonar. Eu tenho pessoas que conseguem tocar as minhas empresas. Tenho pessoas que me ajudam no Santos (Futebol Clube). Eu não faço tudo sozinho. Eu digo que uma grande empresa (LMS Vigilância) como a minha, tem que ter uma equipe muito boa para me dar um suporte. Na verdade eu sou aquele que dá a decisão final, aquele que toma as decisões mais importantes. Como numa empresa, é assim no governo. O que está faltando hoje para o governo do Amapá é isso. Se o governo tivesse uma equipe que resolvesse os problemas, o governador não teria uma rejeição que ele está tendo. Hoje a gente sabe que o que está faltando é uma equipe, porque a gente vê em todas as secretarias problemas, como de corrupção e má gestão. O governador não pode resolver tudo sozinho. Só que hoje eu acho que tem muitas falhas na escolha da sua equipe.