O efeito dominó na rede pública de saúde do AP

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Durante 25 dias, a Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AP) visitou os principais hospitais e unidades de saúde do Estado, e constatou que os problemas continuam acontecendo em efeito cascata. Quando um paciente não consegue atendimento em um posto de saúde, por exemplo, ele vai buscar atendimento no Hospital de Emergência, e isso causa a superlotação.

As visitas iniciaram no dia 9 de maio e passaram pelo Centro Marcelo Cândia, Hospital de Santana, Hospital de Emergência, Maternidade e Pronto Atendimento Infantil (Pai). Foram constatadas várias precariedades, que começam no atendimento básico e chegam ao amontoado de pessoas aguardando cirurgias ortopédicas.

Espera e sofrimento no Hospital de Santana

Espera e sofrimento no Hospital de Santana

A Comissão de Saúde da OAB diz que a superlotação do Hospital de Emergência é explicada pela falta de atendimento nas unidades de saúde dos municípios, inclusive Macapá. “O nosso caminho começou justamente no HE, após uma denúncia de uma paciente que estava há mais de dois meses esperando uma cirurgia ortopédica. Percebemos que faltavam leitos, medicamentos e até pessoal nos plantões. Mas não podíamos parar no Hospital de Emergência. Pois essa realidade não é apenas do HE, mas de praticamente todas as unidades de saúde”, contou a representante da comissão, Roane de Souza.

Equipamentos sem utilização na Maternidade Mãe Luzia

Equipamentos sem utilização na Maternidade Mãe Luzia

Após passar pelo HE, a comissão visitou o Pronto Atendimento Infantil (Pai) e verificou que um simples remédio para gases estava em falta. Além da superlotação e da demora no atendimento das crianças, Roane contou que a precariedade principal é o atendimento feito nos corredores do hospital. Em uma das visitas, uma barata foi encontrada andando entre os tubos de oxigênio instalados nas paredes.

Entrada do Hospital de Emergência

Entrada do Hospital de Emergência

Mas a precariedade no atendimento no PAI é também reflexo, assim como no HE, da falta de estrutura nas unidades básicas de saúde. “A maioria das unidades de saúde funciona de 8 horas às 18 horas, fato que leva pacientes diretamente ao PAI e ao HE.”, acrescentou Roane. Segundo ela, isso acaba criando uma cultura em que os enfermos passam diretamente para essas unidades (HE e PAI), sem que antes haja uma procura por atendimento nas unidades dos bairros.

Outro gargalo no atendimento foi detectado no Hospital Geral de Santana. O pouco espaço para atender a comunidade do município, faz com que a demanda seja direcionada para os hospitais de Macapá. ªª“Em Santana encontramos outro problema, que é a falta de equipes nas escalas. Isso causa a desativação do anexo do hospital, que deveria estar sendo ocupado, mas não conta com equipes que possam garantir o atendimento”, contou a representante da comissão. A direção do Hospital de Santana explicou que a falta de equipes se dá porque as vagas não foram preenchidas no último concurso público.

Comissão da OAB inspecionou quase todas as unidades de saúde do Estado

Comissão da OAB inspecionou quase todas as unidades de saúde do Estado

Tudo isso leva a demanda para o HE, que deveria ofertar um atendimento de emergência, como em casos de acidentes de trânsito, acidentes domésticos, agressões físicas e situações de patologias súbitas. Porém acaba por fazer atendimentos como dor de dente e febres de gripe.

Essa realidade que será discutida na Audiência Pública, chamada pela OAB para esta terça-feira, 3 de junho. O objetivo é buscar um entendimento que possa garantir o trabalho conjunto entre as unidades de saúde estaduais e municipais, para que o efeito dominó que acontece hoje seja resolvido. A OAB estará cobrando dos responsáveis as obras de expansão do Hospital de Santana e do Hospital Metropolitano, na Zona Norte de Macapá.

Seles Nafes
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