O Sindicato dos Médicos (Sindmed) recebeu na manhã desta terça-feira, 22, informações de que seis bebês prematuros teriam morrido por falta de medicamento na Maternidade Mãe Luzia. Os óbitos teriam ocorrido nos últimos cinco dias. As crianças precisavam de um medicamento que expande o pulmão e facilita a respiração. O Sindmed já protocolou denúncia sobre o caso no Ministério Público Estadual. A direção do hospital contesta as denúncias.
Todos os meses nascem na maternidade aproximadamente 600 crianças, e mesmo com tantos partos os óbitos não são tão comuns. Para o sindicato, algo atípico está ocorrendo. “Os médicos já solicitaram diversas vezes esse medicamento, mas a direção informa que a compra está em trâmite e fica enrolando. Todas essas crianças faleceram por falta do surfactante que ajuda a melhorar a respiração do bebê. Eu estou dizendo o que os médicos de lá relatam”, disse o presidente do Sindicato dos Médicos, Fernando Nascimento.
De acordo com o sindicato, existe outro problema ainda mais grave. Dos 19 monitores dos leitos da maternidade, apenas 2 funcionam. Esses equipamentos servem para vigiar os batimentos cardíacos dos prematuros. Sem eles, é como se as enfermeiras vigiassem as crianças no escuro. “Esses equipamentos são fundamentais para o controle da saúde dos recém-nascidos. Como a enfermeira pode saber as condições de saúde do prematuro se não tem esse equipamento? Isso é descaso com o paciente e com os profissionais”, afirmou Fernando Nascimento.
A direção da Maternidade nega as acusações do Sindicato. De acordo com o diretor da Maternidade, Acimor Coutinho, apenas duas crianças faleceram neste fim de semana e foram decorrentes de desnutrição e desidratação. “O medicamento ajudaria na recuperação desses bebês, mas o Surfactante está em falta no estado. Isso não é desculpa. É só a realidade do Estado. Estamos buscando comprar em outros estados”, explicou o diretor.
Vanessa Tavares Silva, de 15 anos, contou que sua filha não precisou do remédio, mas que ela presenciou a dor de uma mãe que necessitava do medicamento. “Minha filha nasceu bem e foi cuidada pelos médicos. Mas teve uma outra moça que teve uma filha prematura. A criança precisava desse medicamento, mas não tinha”, contou.
O Ministério Público, por meio da Promotoria de Saúde, já tem conhecimento das denúncias. Uma visita de inspeção será agendada na maternidade.