À beira do Rio Caeté, do alto de sua igreja, o Santo Preto, Benedito, espia com calma os barcos que chegam, na madrugada de chuva, ao mercado da cidade, repletos de peixes. Logo mais, muitos dos pescadores que ali estão a descarregar para os talhos e caminhões frigoríficos o resultado de dias de pescaria em alto mar, virão à sua igreja pedir a bênção e agradecer pelo alimento, porque o Benedito, bem dito, é o santo da fartura, santo cozinheiro.
Não demora virá o dia trazendo todo o colorido das saias e vozes das mulheres botando a rotina em dia, afiando as conversas no cafezinho da feira, enquanto escolhem o peixe que será servido no almoço da família.
Assim é Bragança, uma das cidades mais antigas do Pará (mais até que Belém), devota de São Benedito, terra da marujada, dos homens caranguejos, e da praia de Ajuruteua, onde o mar é generoso com quem o respeita e indolente com quem insiste em invadir sua praia sem a devida permissão.
No dia 08 de julho, Bragança completou 401 anos. A despeito da idade, Bragança, a Pérola do Caeté, esbanja juventude e mantêm-se antenada com o mundo moderno, pero, sem perder suas tradições jamais. Na cidade de casarões quatrocentões, o jovem que vai a igreja do padroeiro ou da matriz, também participa das batalhas dos street boys, nos campeonatos de hip hop.
Bragança não perde em nada para as cidades históricas brasileiras: tem museus (o da marujada é o mais novo), bares e restaurantes de atendimento internacional, um sistema de transporte eficiente que inclui táxis, mototáxi, vans, ônibus e as “magrelinhas”, as bikes.
Bom de ir é em julho e em dezembro que têm as festas religiosas (sempre acompanhadas das baladas profanas).
Hotéis e pousadas tem de todo tipo, dos mais sofisticados, como o Solar da Beiram, aos mais simples, para os mochileiros.
Vale apena conhecer Bragança. É obrigatório viver essa viagem.