As obras do conjunto habitacional do Bairro Congós estão paradas há meses por problemas burocráticos. A construção que começou em 2011 beneficiaria 397 famílias e deveria ser entregue em 30 de setembro deste ano, ou seja, faltam menos de dois meses. Moradores revoltados com a demora ocuparam as casas na semana passada e ameaçam invadir novamente se o prazo não for cumprido. A Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinf) informou que por defasagem no orçamento a segunda parte da obra deve passar por uma nova licitação.
A primeira parte da obra contempla 7 blocos, destes 4 já estão prontos. Nos outros três blocos faltam ser concluídas rede elétrica, pintura, piso e fossas. A paralisação no andamento da obra se deve também ao desequilíbrio do projeto que deve sair do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o Minha Casa, Minha Vida. “O valor das unidades habitacionais é de R$ 39 mil e hoje o Minha Casa, Minha vida paga R$ 62 mil. Isso fez com que o contrato tivesse desequilíbrio. Para resolver isso, o Ministério das Cidades propôs a migração do PAC para o Minha Casa, Minha vida”, explicou o coordenador de habitação da Seinf, Lúcio Lobato. Na segunda parte da obra, haverá licitação para uma nova empresa concluir as obras dentro do programa Minha Casa, Minha vida.
Enquanto a obra caminha devagar, moradores cansados de esperar invadiram 8 casas na semana passada. De acordo com a dona de casa Eliane Mara Dalmacio, a demora na entrega compromete a vida dela, já que não pode reformar a casa onde vive. “Invadimos uma vez, e se nada for entregue invadiremos de novo. A minha casa está caindo em cima de mim e não posso fazer nada, nem reformar. O governo só promete que vai entregar, mas quando ninguém sabe”, reclamou.
A deficiente física Judith dos Santos, de 49 anos, se inscreveu em 2007 para receber uma casa. Até hoje a incerteza a incomoda. “Eu fiz minha inscrição porque onde moro será a segunda parte da obra. Até hoje não sei se vou ganhar essa casa. O que sei é que tem um projeto lindo, mas obra que é bom, nada”, disse.
Os moradores reclamam do aumento de violência após a construção do conjunto. Eles pedem que um posto policial seja incluído no projeto para que o espaço não se torne mais perigoso ainda. “Desde que tiraram umas famílias para construir esses apartamentos a violência aumentou. Bandidos de outras ruas já frequentam essa área aqui perto do conjunto, agora imagina quando isso ficar pronto”, contou Sueleni Golvei dos Santos.
A Seinf confirmou que a primeira parte da obra deve ser entregue no prazo previsto, dia 30 de setembro. A secretaria ainda adiantou que a licitação para a nova empresa deve sair dia 18 de agosto.
Fotos: Cássia Lima