A dor e o medo passaram a definir a vida do mototaxista Francisco Rodrigues, de 28 anos (de camisa amarela na imagem acima). Ele está sendo acusado falsamente nas redes sociais de ter matado seu amigo, o também mototaxista Paulo Messias da Silva Gemaque Rodrigues (camisa verde na imagem), 31 anos. Paulo Messias foi assassinado com dois tiros no Centro de Macapá na tarde da última sexta-feira, 9. A falsa notícia de que ele tinha sido o autor do crime virou-lhe a vida de cabeça para baixo. Francisco foi obrigado a procurar a polícia para esclarecer a situação e pedir ajuda, já que passou a ser hostilizado.
O inferno na vida de Francisco começou quando alguém publicou a foto dos dois em um grupo, minutos depois do assassinato de Paulo Messias. A postagem, que foi passando de grupo para grupo numa velocidade espantosa, afirmava que ele tinha cometido o crime. “Eu nem saí de casa ontem com medo de alguém querer me linchar por causa da notícia falsa. As pessoas me olham como se eu tivesse matado ele, o meu amigo”, desabafou Francisco, que diz estar recluso em sua casa no Bairro Renascer I, Zona Norte de Macapá.
O mototaxista contou que além da difícil e repentina perda do amigo, ele ainda tem que enfrentar essa “barra” da falsa acusação. “É inconveniente demais. É uma barra que não esperava. Ele era muito parceiro. Dói mais me olharem e me condenarem pela morte. Ele era um cara tão bacana que amava o filho”, relatou.
Os amigos foram unidos por uma paixão em comum: a moto. Participavam da equipe “Galera da Moto Show”, uma companhia de amigos motoqueiros (muitos mototaxistas clandestinos) da Zona Norte que acompanha a imagem da virgem Maria durante o Círio de Nazaré, no mês de outubro.
Francisco, que já foi na polícia procurar ajuda, pede que as pessoas pensem duas vezes ante de compartilhar algo nas redes sociais. “Isso pode acabar com a vida de alguém. Eu peço, encarecidamente, que as pessoas averiguassem os dois lados da história antes de acusar alguém”, afirmou ele com a voz embargada.
Paulo Messias da Silva Gemaque Rodrigues morreu após levar dois tiros à queima roupa na esquina da Rua Tiradentes com Antônio Coelho de Carvalho, no Centro, durante a manhã da última sexta-feira, 9. Segundo testemunhas, ele estava subindo na moto quando foi baleado por um outro mototaxista. Amigos próximos dizem que uma briga por passageiros ocorrida na semana passada motivou o crime. A vítima deixou esposa e um filho.
A polícia ainda procura pelo verdadeiro assassino, identificado como Helienai Silva Barbosa, que fugiu logo após o crime.